Com restrições impostas pelos Estados Unidos, governo aposta em ampliar presença no mercado mexicano para setores como móveis, mármore, máquinas agrícolas e equipamentos médico-odontológicos
México surge como destino estratégico para exportadores brasileiros
O governo brasileiro passou a enxergar o México como mercado promissor para absorver parte dos produtos nacionais atingidos pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Entre os setores em destaque estão móveis, mármore, máquinas agrícolas e equipamentos médico-odontológicos.
Em 2023, o México importou cerca de US$ 4,8 bilhões nesses segmentos, mas o Brasil respondeu por apenas 3% desse total. No mesmo período, as vendas brasileiras aos EUA somaram US$ 455 milhões, agora diretamente impactadas pela tarifa de 50% anunciada pela Casa Branca.
Estratégia da Apex-Brasil e agenda da comitiva de Alckmin
A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) identificou 72 mercados potenciais para os produtos que perderão competitividade nos EUA. O México aparece entre os dez principais destinos, pelo volume de importações e pela proximidade comercial com o Brasil.
A viagem do vice-presidente Geraldo Alckmin à Cidade do México tem como objetivo ampliar essa relação. Segundo a Apex, 250 empresários dos dois países participam de um fórum empresarial nesta quarta-feira (27), discutindo segurança alimentar, inflação e oportunidades setoriais.
Além do encontro, a comitiva visitará um centro de abastecimento de alimentos, um polo industrial e uma unidade de pesquisa em biotecnologia. A agenda inclui reuniões oficiais com a presidente mexicana Claudia Sheinbaum e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Relações comerciais em expansão
Atualmente, o México é o segundo principal destino das exportações brasileiras na América Latina, com destaque para veículos, soja, carne de frango e motores de pistão. A balança comercial entre os dois países atingiu US$ 13,6 bilhões em 2023.
O México também foi o maior investidor latino-americano no Brasil no último ano, com estoque de US$ 15,5 bilhões. Entre as principais empresas com atuação no mercado brasileiro estão Oxxo, Bimbo e Femsa, engarrafadora da Coca-Cola.
Por outro lado, companhias brasileiras como Braskem, Weg e Eurofarma mantêm investimentos que somam US$ 1,9 bilhão em território mexicano.
México e Brasil compartilham pressões de Washington
Assim como o Brasil, o México também está na mira das medidas protecionistas de Trump. Os EUA aplicam sobretaxas de 25% sobre automóveis e de 50% sobre aço, alumínio e cobre importados do país vizinho. Uma tarifa geral de 30% foi temporariamente suspensa por dois meses.
Diante desse cenário, a reaproximação entre Brasília e Cidade do México é vista como oportunidade para mitigar os efeitos do tarifaço e reforçar a integração econômica entre os dois maiores mercados da América Latina.