Ex-presidente cancela agenda no Congresso e reforça discurso de perseguição política
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou compromissos com aliados na manhã desta terça-feira, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenar que sua defesa se manifeste sobre o possível descumprimento de medidas cautelares durante sua visita ao Congresso. Bolsonaro havia agendado reuniões nas comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, mas decidiu desistir de comparecer. Neste momento, ele segue em agenda no Partido Liberal (PL), em Brasília.
Comissões da Câmara votam moções contra o STF
As sessões que estavam previstas para hoje nas comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores têm como objetivo votar moções de repúdio contra decisões recentes do STF envolvendo o ex-mandatário. A articulação tem como foco manter a presença de Bolsonaro entre os parlamentares da base bolsonarista e reforçar o discurso de perseguição política promovido pelo Judiciário. Durante encontro com deputados na segunda-feira, Bolsonaro insistiu para que a proposta de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro fosse tratada como prioridade. O projeto, que prevê perdão para condenados e investigados pelos atos golpistas, é apresentado por setores da oposição como um “gesto humanitário”. No entanto, a proposta enfrenta forte resistência no Congresso e no governo, que alertam sobre o risco de enfraquecer a responsabilização pelos ataques.
Impeachment de ministros e a estratégia de mobilização nas redes sociais
Bolsonaro também voltou a estimular a apresentação de novos pedidos de impeachment contra ministros do STF, com ênfase em Alexandre de Moraes. Embora não haja um ambiente político favorável para o avanço dessas iniciativas, aliados avaliam que a ação tem valor simbólico, ajudando a manter a mobilização da base nas redes sociais e alimentando a tensão entre os Poderes.
A avaliação de parlamentares próximos a Bolsonaro é que o ex-presidente busca capitalizar politicamente sobre as restrições impostas pelo Judiciário, utilizando sua narrativa de vítima para mobilizar a militância. Durante sua visita ao Congresso, Bolsonaro exibiu a tornozeleira eletrônica e criticou as medidas cautelares determinadas por Moraes.
Restrição de Moraes e ameaça de prisão
Horas após a visita, o ministro do STF determinou que a defesa de Bolsonaro se manifeste sobre a possível violação das medidas cautelares, indicando que o ex-presidente poderia ter burlado as restrições ao usar redes sociais de forma indireta durante a passagem pela Câmara. No despacho, Moraes alertou que, caso não haja uma justificativa adequada, poderá decretar a prisão imediata de Bolsonaro.
O desenrolar deste caso continua a alimentar o debate político, com Bolsonaro e seus aliados intensificando o discurso de perseguição e buscando atrair apoio entre os parlamentares e a população.