Professor da USP explica quais produtos oferecem menor risco de contaminação por metanol e como evitar bebidas adulteradas
O número de casos suspeitos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas chegou a 225 em todo o Brasil, segundo balanço divulgado neste domingo (5) pelo Ministério da Saúde. Do total, 16 casos foram confirmados e 209 seguem em investigação. Quinze pessoas morreram após ingerir bebidas contaminadas.
Diante do aumento das notificações, surge a dúvida: existe algum tipo de bebida alcoólica que possa ser considerada mais segura?
De acordo com o professor Thiago Correra, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), as bebidas destiladas requerem mais atenção. “As bebidas destiladas seriam mais preocupantes, sobretudo se os casos observados são por conta de destilações incorretas. De qualquer maneira, poderíamos considerar que as bebidas que são fornecidas por grandes fabricantes com registro e fiscalização são seguras, porque passam por testes de qualidade e controle rígido. O risco maior está nas bebidas clandestinas”, explica.
Como identificar a presença de metanol?
O metanol é uma substância tóxica que não pode ser percebida visualmente, nem pelo cheiro ou gosto. Correra destaca que a detecção só é possível por meio de análises laboratoriais específicas, como a cromatografia. “Alguns testes colorimétricos estão em desenvolvimento, mas não são soluções prontas para o consumidor final”, afirma o professor.
Cerveja oferece menor risco de adulteração
Segundo o especialista, a cerveja apresenta naturalmente níveis muito baixos de metanol e, por ser um produto de menor valor comercial, é menos visada para falsificações. “Apesar de não ser imune, é menos visada para falsificação. As latas são mais difíceis de serem adulteradas do que garrafas, que podem ser facilmente fechadas novamente e reaproveitadas. Entretanto, existem relatos de falsificações de cervejas mais caras. O mais seguro é consumir de fornecedores confiáveis”, orienta Correra.
O professor acrescenta que o processo de produção da cerveja praticamente não gera metanol em quantidade relevante.
“É uma bebida fermentada, não destilada, e os níveis que podem surgir são insignificantes para a saúde”, completa.
Governo intensifica ações de fiscalização
Em resposta ao aumento dos casos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e as vigilâncias sanitárias estaduais reforçaram as operações de fiscalização em todo o país. O objetivo é identificar e apreender bebidas sem registro ou com suspeita de adulteração. A população é orientada a verificar rótulos, lacres e selos de controle fiscal, além de denunciar irregularidades aos órgãos competentes, como o Procon e a Anvisa.
(Com Terra.com)