Preferência por versões sem açúcar cresce, mas especialistas alertam para limites dos benefícios e possíveis efeitos no organismo
Consumo elevado e busca por alternativas
O australiano médio ingere quase 60 litros de refrigerante por ano. Diante desse volume, muitos consumidores enxergam as versões diet como uma escolha “mais saudável”. Em relação ao açúcar, essa percepção faz sentido: uma lata de 375 ml de Coca-Cola tradicional concentra cerca de sete colheres de chá de açúcar — quase 40 gramas — quantidade próxima ao limite diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de 50 g. Já a Diet Coke utiliza adoçantes artificiais, como o aspartame, e não contém açúcar.
Riscos associados ao consumo frequente
Apesar da ausência de açúcar, os refrigerantes diet oferecem pouco valor nutricional. A combinação de edulcorantes artificiais e cafeína, somada ao baixo poder de saciedade, faz com que o consumo habitual seja associado a maior risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2. Pesquisadores, no entanto, destacam que essa relação não indica necessariamente causalidade: pessoas com condições de saúde preexistentes ou que buscam controlar o peso tendem a optar por bebidas diet, o que pode distorcer as estatísticas.
Aspartame em debate
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde classificou o aspartame como “possivelmente carcinogênico para humanos”. A avaliação, porém, aponta que as evidências são limitadas e inconclusivas. A entidade reforça que a população, em geral, consome o adoçante em níveis considerados seguros — seria necessário ingerir o equivalente a 14 latas de refrigerante por dia para alcançar uma dose preocupante.
Impactos no intestino ainda sob investigação
Estudos recentes sugerem que alguns adoçantes artificiais podem provocar irritação intestinal ou alterar o equilíbrio da microbiota. Esses efeitos seguem em análise, mas reforçam a cautela quanto ao uso prolongado dessas substâncias.
Ajuste gradual do paladar
Para quem deseja reduzir a dependência de bebidas muito doces, mudanças graduais podem ajudar. Pesquisas mostram que, após cortar itens açucarados, o paladar se torna mais sensível ao doce, fazendo com que sabores intensos passem a parecer excessivos. Com algumas semanas, é possível até preferir opções menos adocicadas.
Estratégias para diminuir o consumo
Diluição progressiva
Um método inicial é diluir o refrigerante com água ou água com gás, ajustando aos poucos a proporção. A redução gradual suaviza o impacto e facilita a adaptação do paladar.
Substituições mais saudáveis
Alternativas como água com gás e limão, infusões naturais com frutas ou ervas e chás gelados sem açúcar oferecem frescor sem adoçantes. Água de coco também pode entrar na rotação, por ser pouco açucarada e fornecer eletrólitos.
Identificação de gatilhos
Entender o motivo que leva ao consumo — tédio, rotina ou queda de energia — ajuda a criar respostas substitutas, como pequenas pausas, caminhadas ou um chá. Ter sempre água gelada à mão reduz a tentação. Se a sede aparece junto da fome, alimentos nutritivos, como castanhas, frutas ou iogurte, garantem saciedade por mais tempo.
Moderação como caminho
Não é necessário abandonar totalmente os refrigerantes diet. O ponto central está na frequência e na quantidade. Ajustes graduais e consistentes permitem que o paladar se adapte, tornando bebidas menos doces mais atraentes ao longo do tempo. Com isso, o que antes parecia sem graça pode se tornar naturalmente refrescante — e melhor para a saúde.



