Réu por conspiração golpista, Bolsonaro pede anistia a manifestantes presos em novo ato público em São Paulo
Convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), manifestantes se reúnem neste domingo (6) na avenida Paulista, em São Paulo, em um ato que reivindica anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília.
Desde o fim da manhã, apoiadores de Bolsonaro começaram a ocupar o trecho próximo ao Masp. A manifestação, prevista para ocorrer entre 14h e 17h, foi precedida pela divulgação de uma foto do ex-presidente ao lado de sete governadores que confirmaram presença no evento.
Entre os presentes estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Mauro Mendes (União Brasil), de Mato Grosso; e Wilson Lima (União), do Amazonas. Os quatro primeiros são cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2026, diante da inelegibilidade de Bolsonaro.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chegou a ter a presença anunciada, mas não compareceu.
Responsável pela organização do ato, o pastor Silas Malafaia declarou à imprensa que o evento reuniria “mais de cem políticos, entre governadores, deputados e outros”, e o classificou como “a maior manifestação política desde o impeachment de Dilma Rousseff”. Segundo ele, os discursos seriam duros contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por resistirem a pautar a proposta de anistia. “Vou pra cima deles”, afirmou.
População rejeita anistia, aponta pesquisa
Levantamento divulgado neste domingo pela Genial/Quaest indica que a maioria da população brasileira se opõe à anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro. Segundo a pesquisa, 56% defendem que os condenados continuem presos, enquanto 34% são favoráveis à libertação. O estudo ainda mostra que 49% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro participou do planejamento de uma tentativa de golpe, enquanto 35% descartam essa hipótese.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 27 e 31 de março e possui margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mobilização nas redes e estrutura do ato
Antes da manifestação, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) convocou mulheres a participarem do ato com batom nos lábios, em alusão à cabeleireira condenada a 14 anos de prisão por ter pichado com batom uma estátua em frente ao STF. O caso tem sido usado por bolsonaristas para criticar o que consideram punições desproporcionais aplicadas aos réus do 8 de Janeiro.
A estrutura do protesto incluiu dois trios elétricos: um reservado para Bolsonaro, governadores e aliados próximos; o outro destinado a parlamentares e demais apoiadores. Para evitar transtornos com a chuva prevista, os organizadores instalaram tendas e limitaram os discursos a no máximo três minutos.
A deputada federal Priscila Costa (PL-CE) foi escolhida para abrir as falas com uma oração.
Apesar da expectativa de um ato maior que o realizado no Rio de Janeiro em 16 de março — quando os organizadores esperavam 1 milhão de pessoas, mas o Datafolha registrou cerca de 30 mil —, até o momento não há estimativa oficial de público para o evento deste domingo.