Ruy Ferraz Fontes, conhecido por combater o crime organizado, foi morto em emboscada; autoridades suspeitam de retaliação da facção criminosa
O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado na noite de segunda-feira (15), em Praia Grande, litoral sul do estado. Aos 64 anos, Fontes foi alvo de uma emboscada ao deixar a sede da prefeitura, onde exercia o cargo de secretário de Administração Pública.
Fontes ficou conhecido por sua atuação incisiva contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), tendo liderado a Polícia Civil entre 2019 e 2022, durante o governo de João Doria (PSDB). Em 2006, foi responsável pelo indiciamento da cúpula da facção, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
De acordo com as investigações iniciais, o ex-delegado foi perseguido por criminosos em uma caminhonete Hilux. Ao tentar fugir, colidiu com um ônibus, capotou o veículo e foi alvejado por três homens armados com fuzis. Fontes reagiu e conseguiu ferir um dos agressores.
A principal linha de investigação aponta para a participação da Sintonia Restrita, braço do PCC encarregado de ações violentas contra autoridades. O grupo já esteve envolvido em planos contra o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Em rede social, Moro classificou Fontes como “corajoso delegado” e defendeu punição exemplar aos responsáveis pelo crime.
Com mais de quatro décadas de serviço público, Fontes atuou em unidades estratégicas da Polícia Civil, como o Departamento de Investigações Criminais (Deic) e o Departamento de Narcóticos (Denarc). Em 2019, liderou a operação que transferiu Marcola e outros líderes do PCC para presídios federais.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou que o governo estadual está mobilizado para identificar e capturar os envolvidos. “Toda energia será dedicada à investigação”, afirmou o chefe do Executivo paulista.
Caso se confirme a autoria do PCC, este será o terceiro assassinato de grande repercussão atribuído à facção como forma de vingança contra autoridades. Os casos anteriores incluem o homicídio do juiz-corregedor Antônio Machado Dias, em 2003, e do diretor de presídios José Ismael Pedro.