Dados apontam 30,8 milhões de hectares destruídos, com aumento de 79% em relação a 2023
Em 2024, o Brasil registrou mais de 30,8 milhões de hectares queimados, segundo levantamento do MapBiomas. O volume representa um aumento de 79% em comparação ao ano anterior e equivale a uma área maior que todo o território da Itália. Este é o maior índice de queimadas no país desde 2019, com 73% da área afetada composta por vegetação nativa.
As florestas responderam por 25% das áreas atingidas, enquanto pastagens foram as mais prejudicadas entre as áreas agropecuárias, totalizando 6,7 milhões de hectares queimados.
Biomas em alerta: Amazônia lidera destruição
A Amazônia foi o bioma mais impactado, com 17,9 milhões de hectares queimados — mais da metade (58%) do total nacional. Esse é o maior registro de destruição por fogo no bioma nos últimos seis anos. Em dezembro, a região concentrou 88% das queimadas no país, com 964 mil hectares consumidos pelas chamas.
“O ano de 2024 foi marcado por condições climáticas extremas e ações humanas que desencadearam uma crise ambiental sem precedentes”, destacou Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo. Ela reforçou que o aumento do fogo em áreas florestais evidencia a necessidade de ações coordenadas e urgentes para mitigar os impactos ambientais.
Especialistas também apontam a redução das chuvas como um dos fatores que agravaram os incêndios. Felipe Martenexen, da equipe do MapBiomas Fogo, enfatizou que “o fogo na Amazônia não é natural e reflete interferências humanas”. Além disso, as áreas florestais atingidas tornam-se mais vulneráveis a novos incêndios, ampliando o ciclo de degradação.
Esforços para controle das queimadas
No final de 2024, o Ministério da Justiça e Segurança Pública mobilizou a Força Nacional para combater incêndios em estados como Amazonas e Mato Grosso. As equipes atuaram até 15 de janeiro de 2025, prestando apoio temporário e emergencial em resposta a solicitações formais de governos estaduais.
Paralelamente, o STF (Supremo Tribunal Federal) marcou para 13 de março de 2025 uma audiência para avaliar o plano emergencial de prevenção a incêndios florestais. Representantes do governo federal, dos estados da Amazônia e do Pantanal, bem como de secretarias e ministérios ligados ao meio ambiente, participarão da discussão.
Impacto e lições
As queimadas não apenas comprometem a biodiversidade e o equilíbrio climático, mas também destacam a urgência de políticas públicas efetivas para preservação ambiental. O avanço do fogo em áreas naturais e produtivas reforça a necessidade de engajamento em estratégias integradas de prevenção, fiscalização e recuperação ambiental.
Da Redação/Clicknews