Proposta inclui cortes de impostos, mudanças no Medicaid e redução de subsídios à energia limpa
Na última quinta-feira (3/7), o Congresso dos Estados Unidos aprovou o controverso projeto de lei proposto pelo presidente Donald Trump, com a Câmara dos Representantes votando a favor por 218 votos a 214. O texto, que já havia sido aprovado pelo Senado na terça-feira (1/7), retorna à Casa Branca para sanção presidencial, o que Trump indicou que ocorrerá nesta sexta-feira (4/7), dia da Independência americana.
Aprovado com divisões no Partido Republicano
Embora o projeto tenha sido amplamente apoiado pelos republicanos, dois membros do próprio partido se posicionaram contra, seguindo a linha de oposição de um grupo interno que havia se comprometido a rejeitar a proposta. Entretanto, a maioria dos republicanos foi convencida a apoiar o projeto, enquanto todos os democratas votaram contra.
Impacto orçamentário e social
O projeto, um dos mais abrangentes apresentados por Trump até o momento, propõe uma série de mudanças significativas em áreas como saúde, previdência social e subsídios para energia limpa e alimentação. Segundo estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o projeto pode aumentar os déficits federais em até US$ 3,3 trilhões ao longo da próxima década, além de deixar milhões de americanos sem cobertura de saúde. Contudo, a Casa Branca contesta esses cálculos, argumentando que o impacto será menor do que o previsto.
Entre as medidas mais polêmicas, destacam-se:
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Permanência dos cortes de impostos: O projeto torna permanentes os cortes fiscais introduzidos em 2017, que haviam sido inicialmente planejados para expirar em 2025. A reforma tributária de Trump, que reduziu impostos para empresas e cidadãos, passa a ter caráter definitivo, afetando a arrecadação federal a longo prazo.
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Mudanças no Medicaid: A proposta estabelece novos requisitos de trabalho para aqueles que se inscrevem no Medicaid, programa de saúde destinado a pessoas de baixa renda. De acordo com o CBO, essas mudanças podem resultar na perda de assistência médica para cerca de 12 milhões de americanos até 2030.
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Cortes em programas de energia limpa: O projeto prevê a redução de subsídios fiscais para empresas de energia renovável, como as de energia solar e eólica, além da eliminação de incentivos fiscais para painéis solares residenciais.
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Isenção de impostos sobre gorjetas: Cumprindo uma de suas promessas de campanha, Trump propõe a isenção de impostos sobre parte das gorjetas e horas extras recebidas pelos trabalhadores, o que pode beneficiar um grande número de pessoas em empregos informais.
Trump consolida sua liderança no Partido Republicano
A aprovação do projeto é vista como uma vitória significativa para o presidente, consolidando seu controle sobre o Partido Republicano e refletindo a força de sua agenda. De acordo com Gary O’Donoghue, correspondente da BBC News na América do Norte, o projeto de lei não só reforça os cortes de impostos e a política de imigração, como também marca o ápice do domínio de Trump sobre o Congresso. “Este projeto representa a coroação de seu controle total do Partido Republicano e do país”, afirma O’Donoghue.
Apesar das críticas de alguns republicanos, que tradicionalmente defendem um conservadorismo fiscal, Trump conseguiu persuadir parte de sua base a apoiar a medida, enquanto outros arriscaram sua sobrevivência política ao endossá-la.
Vitórias internacionais e políticas internas
A aprovação da lei, somada a uma série de recentes vitórias diplomáticas e econômicas, como nas negociações com a OTAN e no Oriente Médio, reforça a imagem de um presidente em uma fase de grande sucesso político. Para analistas, a combinação desses fatores coloca Trump em uma posição sólida, tanto internamente quanto no cenário internacional.