Time de São Januário mostra melhor atuação da temporada sem Pablo Vegetti e expõe dilema entre manter ataque móvel ou apostar no artilheiro argentino como referência ofensiva
Goleada histórica reacende discussão sobre esquema ofensivo
A vitória por 6 a 0 do Vasco sobre o Santos, no último domingo (17), no Morumbis, não apenas marcou a maior atuação do time sob o comando de Fernando Diniz, como também abriu um debate importante para a sequência da temporada. Pela primeira vez sem o artilheiro Pablo Vegetti, suspenso, o cruz-maltino apresentou um ataque mais dinâmico, que explorou a mobilidade dos homens de frente em vez de se apoiar em um centroavante fixo.
Vegetti, ídolo recente da torcida e artilheiro do Brasil em 2025, soma 22 gols no ano e dez no Campeonato Brasileiro. Desde sua chegada, no segundo semestre de 2023, tornou-se peça central da equipe. Porém, a ausência diante do Santos trouxe à tona a dificuldade de encaixe entre seu estilo de jogo — físico, finalizador e menos participativo na construção — e a proposta de Diniz, que exige maior envolvimento coletivo.
Coutinho e Nuno ganham protagonismo sem referência fixa
No Morumbis, o escolhido para substituir Vegetti foi David, mas sem atuar como típico camisa 9. Posicionado aberto pela esquerda, ele alternou infiltrações na área com movimentos pelo meio, espelhando o papel de Rayan no lado direito. Essa configuração liberou Nuno Moreira para flutuar entre as linhas e atuar como articulador, função na qual já havia se destacado quando Philippe Coutinho esteve ausente.
O próprio Coutinho, por sua vez, foi quem mais se beneficiou do novo desenho tático. Com liberdade para alternar funções no meio, deixou de ser um criador fixo e passou a se aproximar da área em triangulações rápidas. O resultado veio em campo: o camisa 10 marcou duas vezes, incluindo um belo gol por cobertura sobre Gabriel Brazão. Segundo dados do Sofascore, o meia registrou 89 ações com a bola — contra média de 56 nos últimos cinco jogos — além de dois passes decisivos, três associações diretas com Nuno e outras três com David.
Menos volume, mais eficiência
O desempenho coletivo também refletiu essa nova dinâmica. De acordo com o Sofascore, o Vasco finalizou menos (14 contra média de 17,2) e trocou menos passes (504 contra 539), mas aumentou as ações dentro da área (18 contra 14,3) e praticamente dobrou a criação de grandes chances (5 contra 2,4). A mudança resultou em uma equipe mais objetiva e com maior aproveitamento das oportunidades criadas.
“Poderíamos ter usado o David como referência substituindo o Vegetti, mas nos treinos a formação não funcionou. Essa ideia de atacantes abertos, com Nuno e Coutinho circulando como falsos 9, trouxe a liberdade que precisávamos”, explicou Fernando Diniz em entrevista coletiva após a goleada.
Próximo desafio traz decisão estratégica
A dúvida agora é se Diniz manterá a formação mais móvel ou retomará a escalação com Vegetti como referência ofensiva. O dilema será testado já nesta quarta-feira (20), quando o Vasco enfrenta o Juventude, no estádio Alfredo Jaconi, em confronto direto na luta contra a parte de baixo da tabela.
Independentemente da escolha, a goleada sobre o Santos deixou claro que o time encontrou alternativas para ser mais criativo e letal — algo que pode redefinir os rumos do Vasco nesta temporada.