A divulgação do evento ocorreu apenas a quatro dias após a denúncia da PGR
Embora tenha sinalizado anteriormente o desejo de ser o porta-voz da direita e herdar o legado bolsonarista, Caiado vem acumulando divergências com o ex-presidente desde 2020. Atualmente, entre os governadores com ambição presidencial, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, é o favorito de Bolsonaro, a menos que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decida se lançar na corrida.
A insatisfação do núcleo mais radical do bolsonarismo foi expressa publicamente pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que afirmou: — É amigo próximo do Xandão, referindo-se ao ministro do STF Alexandre de Moraes, considerado o algoz de Bolsonaro. — Obrigou as crianças a se vacinarem contra a Covid, ordena buscas e apreensões nas residências de seus opositores e ameaça quem se opõe a ele.
O evento de lançamento, que ocorrerá no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia – com capacidade para 20 mil pessoas – contará com a presença do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e do prefeito de Salvador, Bruno Reis, que serão os anfitriões da solenidade. Durante a cerimônia, Caiado receberá o título de cidadão honorário da Bahia, uma homenagem proposta por Reis durante seu mandato como deputado estadual, e o programa ainda deve incluir atrações musicais.
Posteriormente, o governador planeja uma turnê por diversas regiões do país, com o intuito de ampliar seu reconhecimento nacional – desafio que se evidencia em pesquisa da Quaest, divulgada no início do mês, a qual aponta que 68% dos eleitores desconhecem sua figura fora de Goiás.
A nova ruptura com os bolsonaristas pode complicar as negociações envolvendo seu vice e potencial sucessor, Daniel Vilela (MDB). Recentemente, Vilela participou de uma reunião com Bolsonaro, organizada pelo vereador de Goiânia e ex-líder do governo bolsonarista na Câmara, Major Vitor Hugo, que também ambiciona uma vaga no Senado. Esse encontro desencadeou atritos internos no PL, com acusações de proximidade excessiva entre Vitor Hugo, Vilela e Caiado. Na ocasião, o senador Wilder Morais, presidente estadual do partido, afirmou que o PL teria um candidato para o governo – posição que foi posteriormente reavaliada por Bolsonaro, que declarou: — Não podemos compor com o PT. Quanto aos demais, fiquem à vontade. Se houver interesse do Caiado ou do Wilder, da minha parte não há problema nenhum.
Daniel Vilela, por sua vez, afirmou estar satisfeito com a perspectiva de uma aliança com o PL, embora tenha destacado que esse diálogo ainda será oficializado em momento oportuno: — Respeitando todas as lideranças do partido, promoveremos essa conversa quando for adequado, sempre em consonância com nosso grupo político e visando o melhor para o nosso estado.
Enquanto Caiado já oficializou sua pré-candidatura, Ratinho Júnior mantém uma postura mais reservada. O governador do Paraná pretendia lançar um projeto nacional e de sucessão no primeiro semestre, mas, segundo aliados, opta por não precipitar sua entrada na disputa. Essa cautela deve-se à possibilidade de substituir Bolsonaro, caso sua inelegibilidade persista, ou mesmo à chance de formar uma aliança com algum membro de sua família, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Recentemente, o ex-presidente elogiou Ratinho, afirmando: — Tenho uma excelente relação com ele; pode se tornar um nome de destaque na direita e um gestor competente.