“Goiás saiu na frente e rompeu com o modelo restritivo que hoje o Congresso Nacional tenta reproduzir, inspirado na legislação europeia, e que acaba por dificultar o avanço da inteligência artificial e a atração de investimentos para o Brasil”, afirmou o governador Ronaldo Caiado.
Vice-presidente global da empresa convida Caiado para detalhar proposta em Nova York e vê no estado ambiente promissor para novos aportes tecnológicos
A proposta pioneira do Governo de Goiás para o fomento à inteligência artificial (IA) atraiu o interesse da Amazon, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. A multinacional convidou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) para apresentar, em Nova York, os detalhes da Política Estadual de Fomento à Inovação em Inteligência Artificial, já aprovada em primeira votação pela Assembleia Legislativa do estado.
Durante reunião bilateral realizada na última terça-feira (13), o vice-presidente mundial de Relações Institucionais da Amazon, Shannon Kellogg, classificou a iniciativa goiana como um modelo moderno e alinhado à visão da companhia sobre o uso responsável da IA. “Goiás saiu na frente e rompeu com o modelo restritivo que hoje o Congresso Nacional tenta reproduzir, inspirado na legislação europeia, e que acaba por dificultar o avanço da inteligência artificial e a atração de investimentos para o Brasil”, afirmou Caiado nesta quarta-feira (14).
A política proposta por Goiás, segundo o governador, promove um ambiente aberto à inovação e ao desenvolvimento científico. “Apresentamos um modelo moderno e aberto, voltado para quem enxerga a tecnologia, a inovação e a ciência como pilares do desenvolvimento. É esse o caminho que Goiás está trilhando: de incentivo ao conhecimento e à criação de um ambiente favorável ao investimento”, acrescentou.
De acordo com o secretário de Governo de Goiás, Adriano da Rocha Lima, que acompanhou Caiado na missão internacional, a proposta estadual também se diferencia da regulamentação em debate no Congresso Nacional, considerada pela gestão goiana excessivamente punitiva. “Ela gera insegurança jurídica ao responsabilizar o desenvolvedor, que não tem controle sobre o processo de aprendizado da IA. Para nós, a regulamentação deve focar na aplicação correta da tecnologia e no seu uso ético”, argumentou.
A proposta do governo estadual inclui a criação de uma plataforma de código aberto — auditável e acessível à sociedade —, a instalação de um Núcleo de Ética em IA, a inclusão de conteúdos sobre o tema nas redes de ensino fundamental e médio, bem como a capacitação de servidores públicos para o uso da tecnologia em atividades administrativas. Também está prevista a chamada “diplomacia da IA”, com parcerias internacionais e conexão entre centros de pesquisa mundiais e instituições brasileiras.
Goiás já abriga o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG), um dos mais relevantes da América Latina, o que reforça o protagonismo do estado no setor.
Aporte bilionário em análise
Shannon Kellogg destacou que a Amazon já investiu US$ 21 bilhões em datacenters e estruturas voltadas à IA em duas cidades norte-americanas, e que esse mesmo volume pode ser destinado a outros países que apresentem segurança jurídica e infraestrutura sustentável. Segundo o executivo, Goiás atende a esses critérios, em especial por seu marco regulatório específico e pela adoção de energia limpa em centros de dados.
O estado também se destaca por sua legislação sobre bioinsumos — única do país — e já conta com cinco indústrias do setor, incluindo uma controlada por capital norte-americano.
“O executivo foi claro ao dizer que, sem segurança jurídica, não há investimento possível”, relatou Rocha Lima, que demonstrou preocupação com o texto atualmente em debate no Congresso. “Se esse texto também passar na Câmara, perderemos uma janela de oportunidade única e, em vez de líderes, voltaremos a ser apenas consumidores da tecnologia desenvolvida por outros”,alertou.
