Atualização emergencial em sistema de controle de voo mantém cerca de 100 aeronaves em solo e expõe risco de novas interrupções no tráfego aéreo
A fabricante europeia Airbus foi obrigada a suspender temporariamente a operação de cerca de seis mil aeronaves da família A320 para a aplicação imediata de uma atualização no sistema de navegação. A decisão levou ao cancelamento de centenas de voos entre sexta-feira (28) e sábado (29) e gerou impacto em companhias aéreas de diversos continentes. Apesar do avanço nos trabalhos, aproximadamente 100 aviões ainda devem permanecer em solo.
Em entrevista ao canal BFMTV, o ministro dos Transportes da França, Philippe Tabarot, afirmou que a atualização foi concluída sem intercorrências em mais de cinco mil aeronaves. Segundo ele, o risco de paralisações prolongadas é menor do que se temia inicialmente. “A Airbus pode e deve comunicar isso; tudo indica que apenas uma fração reduzida dos A320 seguirá afetada por mais tempo”, declarou.
Falha eleva alerta no tráfego aéreo
O problema envolve o sistema ELAC (Elevator and Aileron Computer), responsável pelo controle dos profundores e dos ailerons da aeronave. O componente apresentou vulnerabilidade à radiação solar, capaz de comprometer dados essenciais ligados aos comandos de voo.
De acordo com a Airbus, a necessidade da correção foi identificada após um incidente técnico ocorrido no fim de outubro, nos Estados Unidos. Testes posteriores indicaram que episódios de intensa atividade solar poderiam corromper informações críticas do sistema.
Inicialmente, estimava-se que cerca de mil aeronaves seriam impactadas. No entanto, autoridades francesas agora trabalham com a perspectiva de que apenas em torno de 100 aviões demandem intervenção mais prolongada.
Incidente nos Estados Unidos acelerou decisão
O alerta ganhou força após um avião da JetBlue apresentar uma falha em pleno voo no dia 30 de outubro. O Airbus A320, que operava a rota entre Cancún e Nova York, sofreu uma descida abrupta durante a fase de cruzeiro, sem ação direta dos pilotos, e precisou realizar um pouso de emergência em Tampa, na Flórida. Segundo autoridades locais, passageiros ficaram feridos.
O episódio reforçou a urgência da atualização e ampliou o receio de interrupções severas no tráfego aéreo internacional, já que o A320 é o modelo mais comercializado da história da aviação.
Companhias relatam atrasos e ajustes de malha
O anúncio da Airbus provocou atrasos e cancelamentos de voos em diferentes regiões, da Ásia à América Latina. A colombiana Avianca informou impactos significativos, já que mais de 70% de sua frota é composta por aeronaves do modelo afetado, e suspendeu temporariamente a venda de bilhetes até 8 de dezembro.
Nos Estados Unidos, a American Airlines admitiu a possibilidade de atrasos pontuais e estimou a conclusão das atualizações em suas cerca de 340 aeronaves até este fim de semana. A Delta Air Lines também indicou que esperava finalizar os ajustes nos A320 e A321neo até a manhã de sábado.
Já a Air France informou que conseguiu transportar praticamente todos os passageiros programados, com exceção de alguns voos regionais no Caribe. O Grupo Lufthansa afirmou que a maior parte das atualizações foi realizada durante a madrugada e que não previa cancelamentos, embora atrasos isolados não estivessem descartados.
A easyJet declarou ter concluído a manutenção em toda a sua frota A320 sem necessidade de cancelamentos. No México, Volaris e Viva Aerobus anunciaram atrasos e medidas para reduzir o impacto aos passageiros, sem detalhar o número de voos afetados.
Alcance global da família A320
A linha A320 inclui os modelos A318, A319 e A321. Segundo dados da consultoria Cirium, aproximadamente 9.400 aeronaves dessa família estão atualmente em operação no mundo, o que explica a dimensão global dos efeitos provocados pela atualização emergencial.



