Uso do vape teria provocado inflamação grave nos pulmões; caso reacende debate sobre riscos à saúde dos jovens
Uma adolescente de 15 anos morreu nesta quarta-feira (29), em Brasília, após quase um mês internada por complicações pulmonares associadas ao uso de cigarro eletrônico, também conhecido como vape. A jovem, identificada pelas iniciais B.F.T.L., desenvolveu um quadro grave de inflamação pulmonar, que levou à falência do pulmão esquerdo.
Segundo familiares, a adolescente apresentava tosse persistente há cerca de quatro meses. Durante esse período, buscou atendimento em dois hospitais públicos e em um pronto-socorro, até ser internada em estado crítico no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde permaneceu até o óbito. A condição respiratória avançada impediu o funcionamento de parte dos pulmões. O uso do cigarro eletrônico, feito de forma oculta, não era conhecido pelos pais.
“Estamos todos de luto eterno”, declarou o pai da jovem ao Correio Braziliense. Em nota, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que não há registro de ocorrência policial ou investigação relacionada ao caso. A Secretaria de Saúde do DF ainda não se pronunciou oficialmente.
Luto e comoção nas redes sociais
A escola onde a adolescente estudava divulgou uma nota de pesar lamentando o ocorrido. “Com profundo pesar, informamos o falecimento da nossa estudante”, escreveu a instituição, que também manifestou solidariedade à família. O velório está previsto para esta quinta-feira, às 15h, no cemitério de Águas Lindas (GO), com sepultamento marcado para as 16h30.
A notícia da morte repercutiu fortemente nas redes sociais. Amigos, familiares e desconhecidos se manifestaram com mensagens de apoio, dor e indignação. “Que o Senhor conforte todos os familiares e amigos”, comentou uma usuária. Outro escreveu: “Chega dói o coração. Meu Deus!”.
Alta no consumo preocupa autoridades
Dados recentes do Ministério da Saúde apontam um aumento de 25% no número de fumantes no Brasil entre 2023 e 2024 — a primeira alta registrada desde 2007. O crescimento preocupa autoridades de saúde, sobretudo pelo avanço do uso entre jovens.
Segundo o governo federal, os cigarros eletrônicos são um dos principais vetores desse crescimento, impulsionados por estratégias de marketing que exploram sabores adocicados, design colorido e acessibilidade. A informação foi divulgada durante o lançamento da campanha do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado no próximo sábado (1º).
Riscos à saúde ainda são subestimados
Especialistas alertam que, apesar da aparência inofensiva e da falsa sensação de segurança em comparação com o cigarro tradicional, os vapes podem provocar sérios danos ao sistema respiratório, especialmente em adolescentes, cujo organismo ainda está em formação.
A morte da jovem em Brasília reacende o debate sobre a regulação e fiscalização dos dispositivos eletrônicos para fumar, cujo comércio é proibido no Brasil, mas ainda amplamente acessível por meios informais.