Negociações para reforma ministerial avançam com foco em Minas e Energia, Agricultura e Relações Institucionais; Pacheco é cogitado como novo ministro
Dirigentes partidários e líderes do Congresso Nacional intensificam articulações em meio às negociações para uma possível reforma ministerial, pressionando pela substituição de ministros que enfrentaram atritos com o Legislativo. O objetivo é ampliar o espaço de partidos como PP, Republicanos e MDB no governo federal, incluindo disputas internas no PSD.
Entre os alvos principais estão Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Apesar da pressão, interlocutores do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não acreditam que as mudanças ocorram antes de março.
Críticas e desgaste
Alexandre Silveira, ex-senador pelo PSD de Minas Gerais, enfrenta resistência no Congresso desde o início do governo Lula. Parlamentares o acusam de não atender demandas ou manter diálogo efetivo com deputados e senadores. Lira, crítico desde o início, aumentou a pressão após desentendimentos de Silveira com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o próprio Pacheco. Ambos haviam apoiado a indicação de Silveira, mas divergem dele em questões como indicações para agências reguladoras.
Fontes do governo indicam que Pacheco já teria comunicado ao Palácio do Planalto que Silveira não conta mais com apoio dos senadores.
Entre os nomes sugeridos para substituir Silveira está o do próprio Rodrigo Pacheco. Contudo, a proximidade de Silveira com o presidente Lula, sua atuação alinhada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e sua relação com a primeira-dama, Janja, tornam a troca mais complexa.
Pacheco e Alcolumbre, por meio de suas assessorias, negaram atritos com Silveira, mas não comentaram mais sobre o assunto. Silveira não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Agricultura e articulação política na mira
Arthur Lira também manifestou descontentamento com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e senador licenciado pelo PSD de Mato Grosso. Lira acusa Fávaro de concentrar recursos da pasta em seu estado e defende sua saída. Setores do PP chegaram a sugerir o próprio Lira como substituto.
Dentro do PT, há também quem defenda que Lira seja integrado ao governo para facilitar o diálogo com o Legislativo. “O governo precisa de ministros que saibam lidar melhor com o Congresso”, afirmou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Já Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, enfrenta críticas de que o PT monopoliza cargos estratégicos na articulação política, o que, segundo parlamentares, não acontecia em gestões anteriores de Lula. Os nomes de Silvio Costa Filho (Republicanos) e Isnaldo Bulhões (MDB) são mencionados como possíveis substitutos, enquanto Padilha poderia ser remanejado para o Ministério da Saúde.
Pressões internas no PSD
Outro desafio envolve o PSD, que busca ampliar sua participação no governo. Atualmente, o partido ocupa o Ministério da Pesca, comandado por André de Paula (PSD-PE). Parlamentares defendem que ele seja promovido para uma pasta mais relevante. O líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), tem alertado que, sem mudanças, o partido pode adotar uma postura mais distante do governo, restringindo apoio em votações importantes.
Assim, as articulações para a reforma ministerial seguem como um delicado jogo político, envolvendo disputas internas, interesses partidários e a necessidade de fortalecer a relação do Executivo com o Congresso.