Iniciativa inédita em Goiás fortalece cuidados paliativos e aprimora a atenção à população idosa
A Prefeitura de Aparecida de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), apresentou no dia 11 de dezembro, na Cidade Administrativa Maguito Vilela, os resultados técnicos do projeto “Fim de Vida e Cuidados Paliativos em Saúde”, uma ação inédita no estado e voltada ao fortalecimento da assistência à população idosa. A proposta, que deverá ser ampliada para todo o território goiano em 2026, busca promover um envelhecimento mais saudável, digno e amparado por práticas humanizadas.
Parceria acadêmica e atuação integrada
Desenvolvido em cooperação com o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP-UFG), o projeto é coordenado pela professora Marta Rovery de Souza, do Departamento de Saúde Coletiva. A iniciativa conta ainda com o apoio de gestores e profissionais da rede municipal de saúde, que contribuíram para a coleta e análise dos dados.
Durante a apresentação, foram detalhados os resultados obtidos por meio de questionários, visitas técnicas e registros de campo. As avaliações contemplaram aspectos como acessibilidade das instituições, uso de medicamentos psicotrópicos e possíveis interações, além de rotinas de cuidado. Mais de 120 idosos foram ouvidos, juntamente com familiares e profissionais, em cinco Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) do município.
Diagnóstico detalhado e desafios emergentes
A equipe responsável pelo estudo foi recebida pelo secretário municipal de Saúde, Alessandro Magalhães; pelo superintendente de Atenção à Saúde, Gustavo Assunção; e pela coordenadora da Estratégia Saúde da Família (ESF), Karina Pimentel, além de gestores da SMS.
“Apresentamos o que vimos e analisamos em ILPIs que abriram suas portas para nós, mostrando a realidade desses locais e o perfil dos residentes, para que possamos propor iniciativas para o Município. Também elaboramos uma carta de recomendações para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. No Brasil, ainda há muito preconceito e desinformação sobre os cuidados paliativos, que não são de cura, mas de conforto. As pessoas precisam discutir mais a morte, especialmente nos cursos da área da Saúde, para aprimorar a formação dos profissionais que lidam com os idosos. É um imenso desafio que temos pela frente”, afirmou Marta Rovery.
Continuidade das ações e fortalecimento da rede
O secretário Alessandro Magalhães ressaltou a relevância do trabalho desenvolvido e o compromisso da gestão municipal. Segundo ele, o projeto representa “um desafio fundamental para a Saúde Pública e para toda a sociedade” e servirá de base para novas ações. “Vamos apresentar esses resultados ao prefeito Leandro Vilela, que está atento às demandas da cidade, e fortalecer nosso apoio e parceria com as instituições envolvidas. Com essa união de esforços, vamos estruturar processos para aprimorar a atenção prestada aos idosos em Aparecida”, destacou.
O superintendente Gustavo Assunção reforçou que a iniciativa dialoga com a realidade do envelhecimento populacional no Brasil e no mundo. “A expectativa de vida já ultrapassa os 76 anos, e a Saúde Pública precisa se preparar para cuidar melhor dessa população. Além de ser mais econômico investir em prevenção do que em cura, o principal é garantir mais conforto aos idosos e às suas famílias”, afirmou.
A coordenadora Karina Pimentel destacou que os dados levantados são essenciais para orientar políticas públicas. Para ela, “ainda há muito a ser feito e, graças a esse projeto, estamos mais preparados e embasados para desenvolver estratégias e avançar no cuidado de quem envelhece e tem o direito de viver com segurança e dignidade.”
Crescimento da população idosa exige políticas robustas
O cenário demográfico reforça a urgência de iniciativas como esta. Dados do IBGE mostram que o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% entre 2010 e 2022, passando de 7,4% para 10,9% da população brasileira. Projeções do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde indicam que, até 2030, cerca de 24% dos brasileiros terão mais de 60 anos — aproximadamente 50 milhões de pessoas.
O avanço da longevidade, segundo especialistas, exige políticas públicas estruturadas, humanizadas e capazes de garantir qualidade de vida às pessoas idosas. O projeto apresentado por Aparecida de Goiânia se insere nesse contexto, apontando caminhos para uma rede de cuidados mais sensível, eficiente e preparada para os desafios do envelhecimento.



