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Porta-aviões no Caribe reavivam dois séculos de pressão dos EUA sobre a América Latina

Jeverson by Jeverson
27 de novembro de 2025
in Mundo
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Porta-aviões no Caribe reavivam dois séculos de pressão dos EUA sobre a América Latina

Presença do porta-aviões USS Gerald R. Ford no Caribe simboliza demonstração de força dos Estados Unidos em meio ao aumento das tensões regionais. Foto: Seaman Paige Brown/U.S. Pentagon/dpa/picture alliance

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Chegada do USS Gerald R. Ford expõe estratégia de dissuasão atualizada, que combina poder militar, enquadramento jurídico e pressão política em um momento de tensão regional crescente

Ao atracar no Caribe em meados de novembro, o porta-aviões americano USS Gerald R. Ford não trouxe apenas milhares de soldados e aeronaves. Trouxe também o peso de uma longa tradição de intervenções dos Estados Unidos na América Latina, marcada por demonstrações navais, coerção política e disputas pelo controle estratégico da região.

A presença militar norte-americana nessas águas não é novidade. Ao longo dos séculos 19 e 20, navios de guerra dos EUA cruzaram o Caribe e a América Central para influenciar crises políticas, sustentar intervenções armadas em países como Nicarágua, Haiti e Honduras, apoiar golpes de Estado — como no Brasil — e conter governos considerados hostis por Washington, caso de Cuba.

Da diplomacia das canhoneiras à zona cinzenta

Entre a Doutrina Monroe, formulada em 1823, e a atual Operação Lança do Sul, anunciada em 2025, a lógica intervencionista americana não desapareceu, apenas mudou de forma. No passado, a chamada diplomacia das canhoneiras apostava na intimidação direta: navios se aproximavam de portos estratégicos para deixar clara a disposição de entrar em guerra diante de qualquer resistência.

Hoje, a estratégia opera em uma zona cinzenta. O poder naval tradicional passou a integrar um conjunto mais amplo de instrumentos que misturam ações militares, justificativas legais e pressão econômica. Segundo o historiador Stefan Rinke, da Universidade Livre de Berlim, trata-se de uma coerção mais indireta, cuidadosamente enquadrada no discurso jurídico e de segurança internacional.

Washington passou a justificar deslocamentos militares como parte do combate ao narcotráfico, ao crime organizado e ao terrorismo, além da proteção de rotas comerciais. Essas ações são combinadas com sanções financeiras, isolamento diplomático e campanhas de informação direcionadas contra governos adversários, como o da Venezuela.

Mensagem política a Caracas

A chegada do USS Gerald R. Ford ocorreu após os Estados Unidos terem atacado cerca de 20 embarcações no Caribe, sob o argumento de repressão ao tráfico de drogas, em operações que resultaram em mais de 70 mortes nas semanas anteriores. Os ataques foram realizados sem o uso do porta-aviões, o que reforça a leitura de que sua presença tem peso simbólico e político.

Para analistas internacionais, o movimento representa uma sinalização direta à Venezuela e aos países da região. A exibição de força ocorre em meio a uma escalada inédita de tensão diplomática e militar, sugerindo disposição de Washington em ampliar sua margem de pressão.

Elizabeth Dickinson, analista sênior do International Crisis Group, avalia que o gesto comunica que os Estados Unidos seguem prontos para mobilizar todo o seu aparato militar a fim de impor sua agenda estratégica no continente.

A Doutrina Monroe repaginada

Embora revestida de nova retórica, a política atual retoma fundamentos antigos. O avanço de forças navais pelo Golfo do México, Caribe e Canal do Panamá revive o princípio de “América para os americanos”, lema associado à Doutrina Monroe, que orientou a política externa dos EUA no século 19.

Se, naquela época, o discurso defendia a expulsão da influência europeia do continente, hoje o foco declarado recai sobre a presença chinesa na América Latina. Autoridades americanas passaram a afirmar abertamente que a região voltou a ser considerada espaço estratégico prioritário.

Analistas veem essa reaproximação como uma releitura das diferentes fases da política externa americana, que vão da Doutrina Monroe clássica às operações encobertas do século 20, agora combinadas com instrumentos modernos de pressão política e econômica.

Da guerra das bananas à política da boa vizinhança

A trajetória intervencionista ganhou corpo no final do século 19, após a Guerra Hispano-Americana, quando os Estados Unidos consolidaram sua presença no Caribe. A vitória sobre a Espanha garantiu influência direta sobre Cuba e o controle de Porto Rico, impulsionando uma série de ocupações militares até a década de 1930.

Esse período, conhecido como Guerra das Bananas, foi marcado pelo controle de alfândegas, bancos e governos inteiros, sob a justificativa de proteger interesses econômicos e garantir o pagamento de dívidas externas. Empresas americanas, como a United Fruit Company, tornaram-se símbolos dessa presença.

A fase foi sustentada pelo Corolário Roosevelt, formulação de 1904 que ampliou a Doutrina Monroe ao legitimar intervenções diretas sempre que, na visão de Washington, houvesse risco à estabilidade regional. Foi sob essa lógica que os EUA patrocinaram a separação do Panamá da Colômbia, garantindo posteriormente controle estratégico sobre o canal.

Guerra Fria e operações encobertas

Com a Política da Boa Vizinhança, lançada nos anos 1930, os Estados Unidos reduziram as ocupações diretas, mas mantiveram presença ativa por meio de bases militares e apoio logístico. Na Guerra Fria, o foco se voltou à contenção do comunismo.

Nesse período, ativos navais passaram a dar suporte a golpes de Estado, bloqueios estratégicos e ações de contrainsurgência. O ápice ocorreu na Crise dos Mísseis de 1962, quando uma quarentena naval foi imposta a Cuba. Operações encobertas da CIA também marcaram a região, com envolvimento em mudanças de regime na Guatemala, no Chile e no Brasil.

O retorno do patrulhamento naval

Após o fim da Guerra Fria, a política americana priorizou temas como mercado, democratização e combate às drogas. O poder naval passou a se concentrar em patrulhamento e interdição marítima. Nesse contexto, a reativação da Quarta Frota, em 2008, reacendeu preocupações na América do Sul e no Caribe.

Embora, anos depois, autoridades americanas tenham afirmado o fim da Doutrina Monroe, a prática mostrou-se menos duradoura. A nova administração em Washington retomou abertamente a lógica hemisférica, agora sob o rótulo de operações de segurança ampliadas.

A Operação Lança do Sul concentrou cerca de 8% da frota de guerra dos EUA no Caribe, com destróieres, caças, drones e até um submarino nuclear, consolidando um novo modelo de presença militar permanente e tecnologicamente sofisticada.

Uma nova lógica de segurança regional

Para especialistas, o atual padrão não configura uma guerra formal, mas produz efeitos semelhantes. O uso de plataformas navais, amparo jurídico e narrativas de segurança serve para pressionar governos e moldar comportamentos, mantendo aberta a possibilidade de escalada.

Esse movimento reposiciona o Caribe e o Atlântico Sul como espaços militarizados, levando países da região — especialmente potências médias como o Brasil — a repensarem suas próprias doutrinas de defesa e a reforçarem o princípio da não intervenção.

Ao mesmo tempo, problemas não militares, como migração, pesca ilegal e narcotráfico, passam a ser tratados sob uma ótica militar. Governos que se sentem diretamente ameaçados, como Venezuela, Cuba e Nicarágua, tendem a reagir com maior fechamento político e aproximação de parceiros extra-regionais, aprofundando divisões ideológicas.

O resultado é um cenário de segurança fragmentado e marcado pela desconfiança, no qual a presença naval dos Estados Unidos atua, simultaneamente, como fator de contenção e de instabilidade na América Latina.

Tags: América LatinaDoutrina MonroeEUAGuerra das BananasmundoVenezuela
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