Governo Trump retira sobretaxa de itens cruciais como café e carne, sinalizando avanço nas negociações bilaterais com a gestão Lula e alterando o cenário do comércio exterior
Decisão presidencial e motivação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu nesta quinta-feira (20) uma nova ordem executiva que promove significativas alterações no regime tarifário imposto ao Brasil. A medida visa modificar o tarifaço originalmente decretado em julho, quando a Casa Branca havia declarado “emergência nacional”, alegando que o governo brasileiro representava uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança e à economia americanas.
Reversão parcial da sobretaxa histórica
A imposição inicial previa uma tarifa adicional de 40% sobre uma vasta gama de produtos brasileiros. Essa taxa, somada à sobretaxa anterior de 10% aplicada em abril, elevava o encargo total para 50% sobre diversas exportações, caracterizando uma das tarifas mais severas em vigor contra produtos estrangeiros atualmente. A flexibilização anunciada decorre de uma mudança na avaliação de Washington, motivada pela conversa telefônica ocorrida em 6 de outubro entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, ambos os líderes concordaram em estabelecer negociações formais para endereçar as preocupações dos EUA.
Reconhecimento de progresso bilateral
Segundo a nova diretriz, autoridades americanas que monitoram o andamento das conversas relataram um “progresso inicial”, com destaque para o setor agrícola. Com base nessas recomendações, o presidente Trump optou por excluir diversos produtos agropecuários brasileiros da tarifa de 40%, classificando a medida como “necessária e apropriada” em vista da evolução do diálogo. As alterações entrarão em vigor para todas as mercadorias despachadas aos Estados Unidos a partir de 13 de novembro de 2025.
Itens-chave isentos da tarifa adicional
O governo americano divulgou uma lista abrangente de 1.279 produtos brasileiros que serão isentos da sobretaxa de 40%. Entre as exportações de maior relevância para a balança comercial brasileira que foram beneficiadas, destacam-se:
- Agropecuária: Carne bovina (em todos os tipos e cortes), café (verde, torrado, solúvel e extratos), suco de laranja (tanto congelado quanto não congelado), cacau e derivados, castanhas, coco, frutas tropicais e polpas.
- Setor Industrial: Produtos siderúrgicos, como ferro, aço, alumínio e ferronióbio; combustíveis e derivados de petróleo; celulose e madeira.
- Componentes: Uma extensa lista de peças aeronáuticas e componentes industriais, incluindo itens cruciais utilizados por empresas como a Embraer.
Ausência de justificativas políticas
A nova ordem executiva não faz menção às questões políticas que haviam sido utilizadas anteriormente para justificar as tarifas, notadamente quaisquer referências ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou às restrições impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O foco da flexibilização recai estritamente sobre o progresso das negociações e a importância do comércio bilateral.



