O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta quarta-feira (12) que o governo do presidente Donald Trump deve anunciar nos próximos dias cortes nas tarifas de importação sobre café, frutas e outros alimentos. A medida, segundo ele, busca aliviar o custo de vida da população, após a insatisfação dos eleitores com a inflação ter resultado em reveses para os republicanos nas eleições estaduais da semana passada.
“Vocês verão alguns anúncios significativos nos próximos dias em relação a produtos que não cultivamos aqui nos Estados Unidos — café é um deles, bananas, outras frutas, coisas desse tipo”, disse Bessent em entrevista à emissora Fox News.
O secretário não detalhou se as mudanças envolverão reduções tarifárias nem especificou quais países ou produtos seriam contemplados. A Casa Branca, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA e o próprio Tesouro americano não comentaram o assunto.
O Brasil figura entre os principais exportadores de café para os Estados Unidos e é também um dos grandes fornecedores de frutas, especialmente melão e uva, para o mercado norte-americano.
Bessent afirmou que as medidas devem oferecer “alívio temporário” nos preços e ressaltou que Trump segue empenhado em elevar os salários reais — ajustados pela inflação — como principal estratégia para reduzir a pressão sobre as famílias.
Na véspera, o próprio presidente já havia sinalizado à Fox News que pretende reduzir tarifas sobre o café, o que poderia baratear o produto para os consumidores americanos e impulsionar as negociações comerciais em andamento com o Brasil. Desde a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o café se tornou mais caro nos Estados Unidos, contribuindo para o aumento da inflação.
Em vídeo publicado no site da Fox News, Trump disse que deve reduzir “algumas tarifas” sobre o café, o que pode incluir o produto brasileiro entre as exceções ao chamado tarifaço. Apesar disso, ele não citou diretamente o Brasil. O republicano determinou a abertura de negociações comerciais com o governo Lula após um encontro bilateral no final do mês passado.
“Dividendos tarifários”
Questionado sobre a proposta de Trump de enviar cheques de US$ 2 mil (cerca de R$ 10,7 mil) para os cidadãos americanos — uma espécie de compensação financiada pela arrecadação tarifária, apelidada por ele de “dividendos tarifários” —, Bessent disse que ainda não há uma decisão final.
“Há muitas opções em estudo. O presidente está falando sobre um reembolso de US$ 2.000 para famílias com renda inferior a, digamos, US$ 100.000”, declarou.
No domingo, Trump afirmou em sua rede Truth Social que pretende pagar o benefício a todos os americanos, exceto os de alta renda, como retorno das tarifas impostas sobre produtos importados. Ele defendeu novamente sua política protecionista, dizendo que “tolos” são os que se opõem às tarifas, e que o país vive “com quase nenhuma inflação e recorde histórico nas Bolsas de Valores”.
“Estamos arrecadando trilhões de dólares e em breve começaremos a pagar nossa enorme dívida, de US$ 37 trilhões. Há investimentos recordes nos EUA, com fábricas e plantas surgindo por toda parte. Um dividendo de pelo menos US$ 2 mil por pessoa (excluindo pessoas de alta renda!) será pago a todos”, escreveu o presidente.
Trump e seus principais assessores vêm defendendo publicamente as políticas econômicas do governo nos últimos dias, após as derrotas em estados como Virgínia e Nova Jersey. Nessas disputas, candidatos democratas exploraram o descontentamento popular com o custo crescente de itens essenciais, como moradia, saúde e serviços públicos.
