Pesquisas indicam que escolhas alimentares simples podem estimular a produção natural do hormônio GLP-1, responsável por reduzir o apetite e equilibrar o açúcar no sangue
O hormônio natural que o corpo já produz
O recente interesse em medicamentos para perda de peso, como os que imitam o hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1), trouxe à tona um fato importante: o corpo humano já é capaz de produzir esse hormônio naturalmente durante o processo digestivo.
A pesquisadora Anette Sams, doutora em metabolismo e doenças circulatórias, explica que o GLP-1 atua de duas maneiras complementares — reduzindo o nível de glicose no sangue e diminuindo o apetite. “O grande diferencial”, afirma, “é que o corpo consegue produzir esse hormônio sem necessidade de medicamentos. Tudo depende de como alimentamos nosso organismo e de como nossas bactérias intestinais trabalham durante a digestão.”
Alimentos naturais x alimentos processados
A diferença entre alimentos naturais e ultraprocessados é determinante para entender a produção do GLP-1. De acordo com a pesquisa, produtos industrializados, como pão branco, croissants e cereais matinais, têm nutrientes já liberados e facilmente absorvidos, o que reduz o esforço digestivo e, consequentemente, a estimulação do hormônio intestinal.
Em contrapartida, vegetais, grãos integrais e sementes exigem maior trabalho do sistema digestivo, ativando as bactérias benéficas do intestino, que desempenham papel direto na produção do hormônio. Quanto menos processado for o alimento, mais favorável ele será à regulação do apetite e à manutenção do peso corporal.
Vegetais e alimentos que potencializam a produção hormonal
Segundo Anette Sams, praticamente todos os vegetais frescos contribuem para o aumento da produção natural do GLP-1. No entanto, alguns se destacam por seu efeito mais pronunciado sobre a microbiota intestinal:
- Couve — excelente estimuladora da produção hormonal;
- Repolho pontiagudo — demanda maior esforço digestivo;
- Couve-flor — rica em compostos complexos e antioxidantes;
- Sementes — fonte concentrada de nutrientes e fibras;
- Nozes — estimulam a digestão lenta e equilibrada;
- Grãos integrais — preservam nutrientes e aumentam a saciedade;
- Ervas frescas — auxiliam na absorção e potencializam a atividade hormonal.
Esses alimentos atuam em conjunto para melhorar a saúde intestinal, um fator essencial para quem busca emagrecimento sustentável e natural.
Por que optamos por alimentos processados?
O consumo excessivo de produtos ultraprocessados, segundo especialistas, não ocorre apenas por falta de informação, mas por questões de conveniência e custo. Esses alimentos são mais baratos, de preparo rápido e frequentemente formulados para serem altamente palatáveis.
O médico e pesquisador Jens Meldgaard Bruun, da Universidade de Aarhus, ressalta que “essa combinação — praticidade, preço baixo e sabor — é praticamente irresistível para a maioria das pessoas”. Ele defende, no entanto, mais conscientização sobre os impactos da alimentação na saúde metabólica e sobre o potencial dos alimentos naturais como aliados da perda de peso.
Alimentação natural e medicamentos: abordagens complementares
Não se trata, segundo os pesquisadores, de escolher entre tratamentos farmacológicos e hábitos alimentares saudáveis. Bruun destaca que medicamentos como o Wegovy fornecem níveis muito superiores de GLP-1 em comparação à produção natural do corpo. “Não importa quanto repolho você coma, não alcançará esse nível”, explica.
Mesmo assim, Anette Sams enfatiza que a alimentação adequada tem efeito emagrecedor comprovado e atua em sinergia com os mecanismos do corpo. “Assim como mais pessoas querem mais quando comemos doces, gorduras e sal, mais pessoas também querem mais quando comemos alimentos saudáveis”, afirma a pesquisadora.
O ciclo positivo da alimentação saudável
Um dos achados mais relevantes da pesquisa é que o corpo se adapta aos padrões alimentares. À medida que uma pessoa aumenta o consumo de alimentos naturais e integrais, o organismo passa a desejar mais desses alimentos, criando um ciclo virtuoso de saúde e equilíbrio metabólico.
Para Anette Sams, o desafio não está na falta de eficácia dos alimentos, mas na falta de atenção e valorização da alimentação natural como ferramenta de transformação. Enquanto os medicamentos emagrecedores ganham visibilidade, o potencial do prato equilibrado e nutritivo segue subestimado.
A mensagem central da pesquisa é clara: o caminho mais simples e acessível para estimular a produção natural do hormônio do emagrecimento está na alimentação — basta escolher os alimentos certos.
 
			 
                                
 
	 
	

