Primeiro encontro formal entre os presidentes ocorre em Kuala Lumpur, paralelamente à cúpula da ASEAN, em meio a tensões comerciais e diplomáticas.
Diálogo franco sobre tarifas e sanções
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo norte-americano, Donald Trump, se encontraram neste domingo (26/10), na Malásia, no primeiro encontro formal entre os dois líderes. A reunião acontece no contexto de tensões comerciais e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, incluindo o anúncio de um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os EUA em julho deste ano, bem como sanções e revogação de vistos contra autoridades brasileiras.
Durante a conversa, Lula defendeu que não há razão para desavenças entre os países e solicitou a suspensão imediata do tarifaço enquanto as negociações avançam. Segundo ele, o diálogo é o caminho para encontrar soluções às barreiras comerciais e às sanções impostas pelo governo norte-americano.
“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou Lula.
Reações do governo brasileiro
Membros do governo elogiaram o encontro e destacaram o avanço nas negociações bilaterais:
- Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil:
“O encontro prova que temos bons motivos para acreditar no diálogo. Foi mais um passo para Brasil e EUA estreitarem ainda mais seus laços de amizade.” - Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores:
“O saldo final é ótimo. Trump declarou que dará instruções à sua equipe para iniciar imediatamente um período de negociação bilateral. Ele também manifestou admiração pelo perfil político do presidente Lula.” - Edinho Silva, presidente do PT:
“O diálogo é sempre o caminho. Depois da primeira reunião, os dois governos vão negociar um acordo para retirar as barreiras tarifárias impostas unilateralmente. O mundo precisa fortalecer os mecanismos do multilateralismo.” - José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara:
“No amigável encontro, foi dado start para negociações imediatas. Todos os temas estarão sobre a mesa, incluindo sanções contra autoridades brasileiras e tarifas sobre produtos nacionais.”
Reações do bolsonarismo
Algumas lideranças políticas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro reagiram de forma irônica ou crítica:
- Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal:
“Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Segundo o MRE, não falaram de Bolsonaro; trataram de Venezuela e de sanções contra autoridades brasileiras.” - Carlos Bolsonaro (RJ), vereador:
“Deve ser a terceira reunião, e os que atacam Trump se fazem de idiotas para enganar outros idiotas. Para a organização ficar como está é positivo.”
Setor produtivo celebra início das negociações
O setor industrial brasileiro avaliou positivamente o encontro e a perspectiva de negociações:
- Ricardo Alban, presidente da CNI:
“O anúncio do início das negociações sobre o tarifaço, com disposição real das duas partes para alcançar um acordo, é um passo relevante. Acreditamos que teremos uma solução que devolva previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país.”
Encontro paralelo à cúpula da ASEAN
A reunião entre Lula e Trump durou cerca de 50 minutos e ocorreu em Kuala Lumpur, na Malásia, paralelamente à cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A iniciativa marca um movimento diplomático de aproximação e diálogo entre Brasil e Estados Unidos, em meio a desafios comerciais recentes.
( Com DW )
