Bombardeio ocorre após suspensão de cúpula entre Trump e Putin e deixa sete mortos, incluindo duas crianças
Bombardeio em massa atinge várias regiões da Ucrânia
A Rússia realizou um ataque aéreo de grande escala contra a Ucrânia na madrugada desta quarta-feira (22), utilizando mais de 400 mísseis e drones. De acordo com autoridades locais, sete pessoas morreram — entre elas, duas crianças — e dezenas ficaram feridas. O bombardeio provocou danos em infraestrutura civil e cortes de energia em diversas partes do país.
O ataque ocorreu poucas horas após a Casa Branca e o Kremlin suspenderem um possível novo encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, que discutiriam uma eventual trégua no conflito que já se estende há quase quatro anos.
As ofensivas atingiram múltiplas regiões, incluindo a capital Kiev, além de Kharkiv, Sumy, Odessa, Chernigov, Dnipro, Quirivogrado, Poltava, Veneza, Zaporizhzhia e Chercássi. Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, foram utilizados 405 drones e 28 mísseis — dos quais 333 drones e 16 mísseis teriam sido abatidos pelas defesas aéreas.
Civis entre as vítimas
Em Kiev e nos arredores, seis pessoas morreram e cinco ficaram feridas. Em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, uma pessoa morreu e outras oito ficaram feridas, incluindo cinco crianças, após um drone atingir um jardim de infância. “Não há justificativa para um ataque a um jardim de infância. A Rússia está se tornando cada vez mais descarada”, disse Zelensky. Segundo ele, as crianças foram evacuadas e passam por tratamento psicológico devido ao trauma.
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Evacuação de crianças por bombeiros após ataque aéreo russo a jardim de infância em Kharkiv, na Ucrânia, em 22 de outubro de 2025 — Foto: Serviço de Emergências da Ucrânia/Handout via REUTERS
Zelensky chamou o bombardeio de “uma cusparada na cara de todos que insistem numa resolução pacífica” e reiterou o pedido por novas sanções contra Moscou. “Outra noite que prova que a Rússia não sente pressão suficiente para encurtar a guerra. Cidades comuns ficaram sob fogo, principalmente nossa infraestrutura energética, mas muitos edifícios residenciais também foram atingidos”, afirmou.
Rússia confirma ataque e diz que mirou infraestrutura militar
O Ministério da Defesa russo confirmou a ofensiva, afirmando que os alvos eram instalações energéticas “ligadas ao complexo militar-industrial da Ucrânia”. Segundo o comunicado, foram utilizados mísseis hipersônicos, armamentos de longo alcance e drones de alta precisão. “Todos os objetivos do ataque foram alcançados”, declarou a pasta.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou incêndios em vários bairros da capital. Em Sumy, um drone atingiu uma avenida movimentada e deixou nove feridos. Em Zaporizhzhia, região de linha de frente do conflito, 13 pessoas ficaram feridas, de acordo com o governador Ivan Fedorov.
Ataques miram novamente a infraestrutura energética
O Ministério da Energia ucraniano denunciou bombardeios “durante toda a noite” contra o sistema energético do país. Os ataques provocaram cortes emergenciais de energia em grande parte da Ucrânia, incluindo Kiev. Em Poltava, instalações de petróleo e gás foram danificadas no distrito de Myrhorod.
Em resposta, as Forças Armadas ucranianas afirmaram ter atingido uma fábrica de armamentos na região russa da Mordóvia e uma refinaria de petróleo no Daguestão. A Ucrânia tem intensificado ataques a alvos energéticos russos nas últimas semanas.
Desde o início da invasão em 2022, Moscou tem bombardeado repetidamente a infraestrutura de energia da Ucrânia, alegando que se tratam de alvos militares legítimos. Um ataque ocorrido na terça-feira (21) deixou quatro mortos e centenas de milhares de pessoas sem luz ou água.
Cúpula entre Trump e Putin é suspensa
A ofensiva russa coincidiu com o anúncio da suspensão de uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia. Na terça-feira, tanto Washington quanto Moscou confirmaram que não há previsão para um novo encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, frustrando a expectativa de uma cúpula que seria realizada em Budapeste nas próximas semanas.
Segundo Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, “a Ucrânia concordou há muito tempo com a proposta dos EUA de um cessar-fogo, enquanto Moscou faz de tudo para manter a matança”. A declaração foi publicada no Telegram logo após os ataques russos.
Um alto funcionário norte-americano afirmou à Reuters que “não há planos de reunião no futuro próximo”. O Kremlin, por sua vez, declarou que “ainda há muitas questões a serem resolvidas” antes que um encontro entre os dois líderes possa ocorrer.