Entidade presidida por Frei Chico, irmão do presidente, foi alvo de mandados de busca e apreensão; investigação mira desvios bilionários em benefícios previdenciários

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos alvos da 2ª fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (9) pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU).

A nova etapa da investigação busca aprofundar apurações sobre fraudes e irregularidades em descontos aplicados a benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Segundo a PF, há indícios da prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação de patrimônio.

Ao todo, 66 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços localizados nos estados de São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal.

Defesa nega irregularidades

Em nota, o Sindnapi afirmou que “manifesta sua surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu Presidente e alguns Diretores”, e destacou não ter tido “acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar”.

A entidade ainda declarou “absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados”.

O sindicato afirmou que pretende comprovar a lisura e legalidade de sua atuação, reforçando o compromisso com a defesa dos aposentados e pensionistas.

Relembre a primeira fase

A primeira fase da Operação Sem Desconto foi deflagrada em abril de 2025, com o cumprimento de 211 mandados judiciais, entre eles ordens de busca e apreensão, sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão e seis prisões temporárias.

Na ocasião, a PF estimou um prejuízo superior a R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos entre 2019 e 2024. As investigações apontam que entidades faziam descontos irregulares diretamente nos benefícios previdenciários, com apoio de agentes públicos e uso indevido de dados de beneficiários.

Em setembro, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, foi preso no Distrito Federal em uma das ações derivadas da operação. Ele é apontado como um dos principais operadores do esquema de fraudes, responsável por descontos ilegais que somaram mais de R$ 6,3 bilhões.

Veja a nota completa

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (SINDNAPI), por meio de seus advogados, manifesta sua surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu Presidente e alguns Diretores, em operação deflagrada pela Polícia Federal em nova fase da “Operação Sem Desconto”.

Esclareça-se que os advogados não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar, mas reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados.

A exemplo do procedimento adotado nas demais demandas judiciais, o SINDNAPI comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos