Substância usada na indústria é altamente tóxica e pode causar cegueira e morte quando ingerida
Diferença entre metanol e etanol
Três mortes por intoxicação com metanol foram confirmadas em São Paulo. O composto químico (CH₃OH), utilizado em solventes e combustíveis, é inofensivo em aplicações industriais, mas extremamente perigoso quando ingerido.
A distinção entre o metanol e o etanol está no modo como cada um é metabolizado pelo organismo. O etanol, presente em bebidas alcoólicas, é convertido em acetaldeído e, em seguida, em acetato, menos tóxico. Já o metanol se transforma primeiro em formaldeído — conhecido como formol — e depois em ácido fórmico, substância que provoca danos severos ao sistema nervoso e pode levar à cegueira ou à morte.
Risco invisível para o consumidor
Segundo o professor Daniel Junqueira Dorta, do Departamento de Química da USP, não é possível diferenciar o metanol do etanol apenas pela aparência ou pelo sabor. “A confirmação só ocorre quando surgem os primeiros sintomas de intoxicação”, afirma.
Os sinais aparecem geralmente entre 12 e 24 horas após a ingestão, mas podem surgir antes em casos de doses maiores. Entre os sintomas estão dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e, sobretudo, alterações na visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.
Como evitar o consumo de metanol
Para reduzir os riscos de intoxicação, especialistas orientam cuidados simples na compra de bebidas alcoólicas. A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) recomenda:
- Comprar apenas em estabelecimentos de confiança.
- Desconfiar de líquidos com partículas ou sujeiras visíveis.
- Evitar preços muito abaixo do mercado.
- Conferir a embalagem e verificar o registro do Ministério da Agricultura (MAPA).
- Em destilados, procurar o selo do IPI, geralmente localizado próximo à tampa.
- Checar o lacre: embalagens violadas podem indicar adulteração.