Estudo do Ipsos revela avanços em hábitos preventivos contra infartos, mas aponta falhas de informação sobre sintomas e acompanhamento médico
Um levantamento feito pelo Instituto Ipsos, a pedido da farmacêutica Novartis, indica que os brasileiros estão mais atentos à importância de manter hábitos que preservem a saúde do coração. Realizada entre 25 de agosto e 2 de setembro com 2 mil entrevistados em todo o país, a pesquisa mostra que 64% declararam ter adotado novos comportamentos para proteger o sistema cardiovascular.
O estudo também apontou que 76% dos participantes reconhecem ser possível prevenir um infarto, e 72% afirmaram conhecer alguém que já sofreu o problema. Entre os que mudaram a rotina, 70% passaram a se alimentar melhor, 64% iniciaram a prática de atividades físicas e 45% buscaram alternativas para reduzir o estresse.
Avanços e desafios na prevenção
Para a cardiologista Maria Cristina Izar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e diretora científica do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, parte dos dados é animadora.
“Esta pesquisa é uma prova de que as pessoas estão mais bem informadas e interessadas em preservar a saúde do coração, adotando comportamentos mais saudáveis. Isso significa um avanço importante se pensarmos que a nossa expectativa de vida mudou e a prevenção é o caminho do envelhecimento saudável”, afirmou.
Apesar disso, o levantamento mostrou lacunas preocupantes. Embora 82% saibam que o infarto pode ocorrer em qualquer idade, 51% desconhecem que os sintomas podem variar entre homens e mulheres.
“Isso significa que precisamos abordar melhor esse tópico e informar a população sobre essa diferença, pois no lugar da clássica dor no peito, as mulheres podem apresentar cansaço extremo, náusea, dor nas costas, no pescoço ou falta de ar como manifestações do infarto. Inclusive, por serem considerados atípicos para doenças do coração, esses sintomas são frequentemente atribuídos a causas como estresse ou ansiedade, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento adequado das mulheres”, destacou a cardiologista.
Exames e acompanhamento médico
O levantamento revelou ainda que 77% dos participantes têm consciência da existência de diferentes tipos de colesterol, e 82% reconhecem que o colesterol ruim (LDL) pode estar elevado em qualquer faixa etária. Mais da metade dos entrevistados (55%) sabe que níveis altos de LDL aumentam o risco de infarto.
Oito em cada dez já realizaram exames de sangue para medir o colesterol, e 77% levam os resultados para avaliação médica, em especial ao clínico geral e, em seguida, ao cardiologista. Ainda assim, 18% afirmaram que nem sempre apresentam os laudos a um profissional de saúde.
“Após a realização de um exame, é ideal mostrar os resultados para que o médico possa interpretá-los da maneira correta e indicar o devido tratamento”, alertou Izar.