Com Selic em 15% ao ano, país permanece atrás apenas da Turquia; relatório aponta incertezas fiscais e impactos da política internacional nas expectativas inflacionárias
Selic permanece em 15% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (17), manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. O nível continua sendo o mais elevado em quase duas décadas — em julho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Selic estava em 15,25%.
A decisão representa a segunda manutenção consecutiva, após o colegiado ter encerrado o ciclo de altas em julho. Mesmo sem alteração, a posição do Brasil no ranking global chama atenção: o país segue com o segundo maior juro real do mundo, ficando atrás apenas da Turquia.
Juro real: Brasil em segundo lugar, atrás da Turquia
O juro real é calculado pela taxa de juros nominal descontada da inflação projetada para os próximos 12 meses. Segundo levantamento da MoneYou, o índice brasileiro atingiu 9,51%, enquanto a Turquia lidera com 12,34%. A Rússia aparece em terceiro lugar, com 4,79%.
O relatório da instituição destaca que a economia brasileira ainda convive com incertezas inflacionárias, associadas tanto ao aumento das despesas públicas quanto ao impacto da guerra tarifária promovida pelo presidente norte-americano Donald Trump. Esses fatores elevam a cautela nas decisões de política monetária.
Mudanças no ranking internacional
A Argentina, que ocupava a terceira posição em julho com 6,70% de juro real, caiu para o sexto lugar em setembro, ao lado da Índia, ambos com 3,54%.
De acordo com a MoneYou, 10 países apresentam taxas reais acima de 3%. O Brasil continua a figurar entre os primeiros colocados, mesmo após a interrupção do ciclo de alta da Selic.
Ranking das maiores taxas nominais
Considerando apenas os juros nominais, ou seja, sem descontar a inflação, o Brasil caiu da segunda para a quarta posição no comparativo internacional. Veja os destaques da lista:
- Turquia: 40,50%
- Argentina: 29,00%
- Rússia: 17,00%
- Brasil: 15,00%
- Colômbia: 9,25%
- México: 7,75%
- África do Sul: 7,00%
- Hungria: 6,50%
- Índia: 5,50%
- Indonésia: 5,00%
A lista completa inclui ainda países desenvolvidos, como Estados Unidos (4,25%), Reino Unido (4,00%), Alemanha (2,15%) e Japão (0,50%).