Ator e diretor premiado redefiniu Hollywood, fundou o Festival de Sundance e se destacou como voz ambientalista e defensor do cinema independente
Morte em casa, cercado pela família
Robert Redford, ícone do cinema americano e vencedor do Oscar, morreu na manhã de terça-feira (16), em sua residência nas montanhas próximas a Provo, em Utah. Ele tinha 89 anos.
A notícia foi confirmada por sua assessora, Cindi Berger, em comunicado oficial. Segundo ela, o ator faleceu durante o sono, em um ambiente de tranquilidade, “no lugar que amava, cercado por aqueles que amava”. A causa da morte não foi divulgada.
Carreira marcada por sucessos no cinema
Com uma trajetória que atravessou seis décadas, Redford se consolidou como um dos grandes protagonistas de Hollywood. Filmes como Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969), The Sting (1973) e All the President’s Men (1976) se tornaram clássicos e consolidaram sua imagem de astro versátil, capaz de transitar entre faroestes, thrillers políticos e dramas românticos.
Sua parceria com atrizes de peso, como Jane Fonda, Barbra Streisand e Meryl Streep, reforçou sua reputação de galã e lhe rendeu status de símbolo sexual de uma geração.
Diretor premiado e olhar crítico sobre os EUA
Aos 40 anos, Redford estreou na direção com Ordinary People (1980), drama familiar que conquistou quatro Oscars, incluindo melhor filme e melhor direção. Mais tarde, dirigiu obras como A River Runs Through It (1992) e Quiz Show (1994), esta última indicada a quatro estatuetas da Academia.
Seu cinema, frequentemente crítico, explorava temas como luto, corrupção política e dilemas existenciais, refletindo sua aversão ao modelo superficial de Hollywood.
Sundance: berço do cinema independente
Talvez seu maior legado cultural esteja fora da tela. Em 1981, Redford criou o Sundance Institute, voltado para apoiar novos cineastas. Poucos anos depois, deu origem ao Festival de Cinema de Sundance, que se transformou na principal vitrine do cinema independente no mundo.
O evento foi responsável por revelar nomes como Quentin Tarantino, Steven Soderbergh e Chloé Zhao, além de se tornar referência para documentários sobre direitos humanos e questões ambientais.
Ativismo ambiental e engajamento político
Redford também se destacou como defensor do meio ambiente. Ainda nos anos 1970, liderou campanhas contra projetos de rodovias e usinas poluentes em Utah, ajudando a transformar áreas preservadas em monumentos nacionais.
Apesar de rejeitar o rótulo de “ativista”, dedicou parte da vida a causas ambientais e sociais, inspirando artistas como Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo a seguirem o mesmo caminho.
Da juventude rebelde ao estrelato
Nascido em Santa Monica, Califórnia, em 1936, Robert Redford enfrentou uma juventude marcada por rebeldia e perdas familiares. Após abandonar a faculdade, viajou pela Europa, estudou arte em Paris e chegou a trabalhar em campos de petróleo antes de iniciar sua carreira nos palcos da Broadway.
Sua estreia no cinema ocorreu nos anos 1960, rapidamente conquistando Hollywood com seu carisma e talento.
Vida pessoal e últimos anos
Redford foi casado duas vezes e teve quatro filhos. Um deles, Scott, morreu ainda bebê, e outro, James, faleceu em 2020 após complicações de saúde. O ator deixa três filhas e sete netos.
Nos últimos anos, enfrentou dificuldades financeiras e problemas de saúde, mas permaneceu ativo no cinema até 2018, quando anunciou a aposentadoria após o filme The Old Man and the Gun.
Um legado para além da tela
Ao longo da carreira, Redford desafiou estereótipos e usou sua influência para transformar tanto a indústria do cinema quanto a percepção da sociedade sobre temas políticos, sociais e ambientais.
Astro relutante, cineasta rigoroso e fundador de um dos mais importantes festivais do mundo, Robert Redford deixa um legado que ultrapassa Hollywood e ecoa como símbolo de integridade artística e engajamento cultural.