Xenotransplante representa esperança para milhares de pessoas em diálise; FDA já autorizou novos testes clínicos nos EUA
O que até pouco tempo parecia ficção científica agora faz parte da realidade médica. Em janeiro de 2025, o norte-americano Tim Andrews, de 67 anos, recebeu um rim de porco geneticamente modificado após passar dois anos em diálise. Seis meses depois, o órgão continua funcionando normalmente, sem sinais de rejeição e sem necessidade de hemodiálise. O caso já é considerado o de maior sobrevida registrada de um órgão suíno em um ser humano vivo.
A revolução dos xenotransplantes
O procedimento faz parte da área médica conhecida como xenotransplante, que pesquisa a utilização de órgãos de animais em humanos. O sucesso depende da bioengenharia. Pesquisadores conseguiram modificar o DNA do porco, eliminando antígenos que provocariam rejeição, inserindo genes humanos e desativando retrovírus capazes de causar complicações. O resultado foi um rim suficientemente compatível para funcionar como se fosse humano.
Perspectivas para o futuro dos transplantes
Atualmente, milhares de pessoas no mundo inteiro aguardam por um transplante enquanto dependem de máquinas de diálise. Só no Brasil, mais de 65 mil pacientes estão em hemodiálise, enfrentando filas extensas por órgãos. Caso a técnica se confirme segura em larga escala, porcos geneticamente editados podem se tornar uma alternativa para salvar incontáveis vidas.
Fatos curiosos e avanços em estudo
- Os porcos foram escolhidos porque seus órgãos têm tamanho e funcionamento semelhantes aos dos humanos.
- Além dos rins, cientistas já estudam transplantes de corações, fígados e pulmões suínos.
- A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, já autorizou novos testes clínicos com mais pacientes.
- Embora a ideia de xenotransplante exista desde o século 20, somente com a engenharia genética atual foi possível torná-la viável.
Questões éticas em debate
Apesar do entusiasmo, o avanço levanta discussões sobre ética, biossegurança e bem-estar animal. Para especialistas, no entanto, os potenciais benefícios superam as preocupações. A justificativa está em oferecer esperança a pacientes que antes não tinham alternativas.