Em reunião ministerial, presidente atacou tarifaço dos EUA, classificou ações de Eduardo Bolsonaro como “traição à pátria” e reafirmou críticas a Israel pela guerra em Gaza.
Governo apresenta prioridades em reunião no Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta terça-feira (26) sua equipe ministerial no Palácio do Planalto para alinhar ações consideradas prioritárias pelo governo federal. Na abertura do encontro, transmitido à imprensa, Lula voltou a criticar a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a ausência de regulamentação das big techs e o conflito em Gaza.
Durante a reunião, Lula e os ministros usaram bonés com a inscrição “O Brasil é dos Brasileiros”, numa alusão ao “Make America Great Again”, slogan da gestão Trump.
Críticas a Trump e defesa de regulamentação digital
O presidente acusou Trump de agir “como imperador do planeta” e destacou que o Brasil não aceitará ameaças contra sua soberania. Segundo Lula, o líder norte-americano pressiona países que tentam regulamentar gigantes da tecnologia.
“Ele publicou de novo ontem uma nota ameaçando que quem mexer com as big techs vai sofrer as consequências. Isso pode ser verdade para ele, não para nós. O Brasil é soberano, tem Constituição, território e leis próprias”, disse Lula.
Na véspera, Trump havia prometido tarifas adicionais a produtos estrangeiros e restrições à exportação de semicondutores, em retaliação a impostos digitais que afetam empresas americanas. Em sua rede Truth Social, ele acusou países de favorecerem empresas chinesas em detrimento da tecnologia dos EUA.
“Traição à pátria” e soberania nacional
Em tom duro, Lula criticou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Washington, acusando-o de articular sanções contra o Brasil.
“É uma das maiores traições à pátria da nossa história. Não conheço momento em que um brasileiro tenha se mudado para outro país e feito lobby contra seu próprio povo”, afirmou.
Lula orientou seus ministros a reforçar a defesa da soberania nacional em discursos públicos e ressaltou que o Brasil está aberto ao diálogo com os Estados Unidos, desde que em condições de igualdade.
Conflitos internacionais: Gaza e Ucrânia
O presidente também voltou a acusar Israel de praticar genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza. Ele lamentou a morte de civis e disse que crianças palestinas “são tratadas como se fossem terroristas do Hamas”.
Sobre a guerra na Ucrânia, Lula avaliou que o conflito está próximo do fim, mas alertou para a disputa sobre quem assumirá a dívida da guerra. Para ele, “Putin, Zelensky, Trump e a União Europeia já sabem os limites do conflito e aguardam o momento de encerrar as hostilidades”.
Avaliação do governo e cenário político
A reunião marcou o segundo encontro de Lula com todo o primeiro escalão em 2025. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, apresentou dados sobre a gestão, destacando a queda do desemprego e o aumento de 9% nos salários médios nos últimos três anos, que hoje chegam a R$ 3.497 em valores nominais — o maior da série histórica.
O encontro ocorre em meio à tentativa de Lula de consolidar alianças com partidos da base, como MDB, Republicanos, União Brasil, PSB e PSD, de olho nas eleições de 2026.
De acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana, a diferença entre aprovação e desaprovação do governo caiu de dez para cinco pontos percentuais em um mês. Hoje, 46% aprovam a gestão, contra 51% que desaprovam. Trata-se do melhor resultado desde janeiro, quando a aprovação atingiu 47%.