Vice-presidente afirma que Brasil buscará reduzir impacto do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos e aposta em abertura de novos mercados
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é manter o diálogo com os Estados Unidos, apesar do tarifaço de 50% aplicado pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros.
“Não vamos desistir, vamos continuar na negociação permanentemente”, declarou Alckmin em entrevista à GloboNews, exibida na noite de quarta-feira (20). “Orientação do Lula tem sido: diálogo, diálogo, diálogo.”
Obstáculos nas negociações com Washington
Alckmin reconheceu que as tratativas com a gestão do presidente Donald Trump enfrentam entraves. “A última conversa com os Estados Unidos faz algumas semanas”, afirmou. Segundo ele, já foram realizadas diversas reuniões com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mas “não há justificativa” para a taxação. “O Brasil está sendo injustiçado.”
O governo brasileiro pretende ampliar a lista de produtos excluídos do tarifaço e reduzir o percentual da alíquota. Entre as concessões possíveis, o vice-presidente mencionou a celebração de um acordo de não bitributação com os Estados Unidos.
Impactos sobre as exportações
De acordo com Alckmin, 45% das exportações brasileiras não foram afetadas pela medida. Outros 36% sofreram impacto direto e 15% passaram a ter tarifas elevadas, iguais às aplicadas a todos os demais países em itens como aço e alumínio.
Mesmo diante das restrições, o vice-presidente destacou que, entre janeiro e julho, as exportações brasileiras para os EUA registraram alta de 4,2%. “O Brasil não é problema para os Estados Unidos”, afirmou.
Entre os setores mais prejudicados pelo tarifaço, estão mel, frutas e móveis. Alckmin explicou que produtos industriais são os mais difíceis de redirecionar para novos mercados. “É muito customizado. Se não vender nos Estados Unidos, onde vai ser? Embora a China seja o nosso maior comprador, é de commodity. Compra de avião, peça, máquina e motor, é dos Estados Unidos.”
Alternativas de mercado e apoio interno
O vice-presidente adiantou que viajará ao México na próxima semana para buscar alternativas comerciais para os produtos que perderam espaço nos Estados Unidos.
Paralelamente, Alckmin afirmou que pretende articular com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a aprovação célere do projeto de lei que prevê medidas de apoio aos setores mais afetados. (Fonte: Estadão Conteúdo)