Iniciativa em Osasco (SP) permite reaproveitamento de peças e contribui para a redução de emissões de CO₂
A Stellantis inaugurou nesta quinta-feira (15), em Osasco (SP), o seu primeiro Centro de Desmontagem Veicular Circular AutoPeças, tornando-se a primeira montadora da América do Sul a investir em uma planta industrial dedicada ao desmonte de veículos sinistrados ou fora de circulação. A unidade tem como objetivo recuperar peças em perfeito estado, que serão comercializadas a consumidores finais por canais físicos e digitais.
Embora a Stellantis detenha marcas como Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën no Brasil, a Circular AutoPeças atenderá veículos de outras montadoras, incluindo Chevrolet, Honda, VW e Ford. O investimento na unidade foi de R$ 13 milhões e a expectativa é criar cerca de 150 empregos, com capacidade para desmontar até 8 mil veículos por ano. Segundo a empresa, a operação pode evitar a emissão de cerca de 30 mil toneladas de CO₂ anualmente.
Como adquirir peças usadas da Stellantis
Em Osasco, a venda de componentes será realizada em uma loja física instalada em um contêiner, no próprio centro de desmontagem. No ambiente digital, as peças estarão disponíveis na loja oficial da Circular AutoPeças no Mercado Livre e, futuramente, em um e-commerce próprio.
Todos os produtos comercializados seguem critérios de rastreabilidade e segurança definidos pelo Detran, garantindo conformidade legal e qualidade certificada.
Funcionamento do Centro de Desmontagem
O Centro de Desmontagem Veicular recebe veículos classificados como perda total ou aqueles que chegaram ao fim de sua vida útil, adquiridos principalmente por leilões. O processo é regulamentado e estruturado para assegurar a destinação correta de peças e materiais.
Ao chegar à unidade, os veículos passam por uma área de descontaminação, na qual todos os fluidos — como óleos e combustíveis — são retirados. Em seguida, os carros são desmontados e avaliados por técnicos que realizam testes e inspeções detalhadas. As peças aptas ao reaproveitamento são separadas para reutilização ou remanufatura, passando por limpeza com produtos biodegradáveis e recebendo identificação individual, incluindo valor de mercado e rastreabilidade certificada pelo Detran.
Cada veículo é vinculado a uma “carteira de desmonte”, contendo até 49 grupos de peças, com informações completas sobre procedência e responsabilidade pelo desmonte. Além das exigências legais, a Stellantis aplica um sistema próprio de codificação e controle de qualidade, padronizando todo o processo.
“Hoje, destinamos corretamente 100% dos materiais dos veículos desmontados. De fluidos a metais nobres, todos os componentes são separados e encaminhados a fornecedores parceiros, reduzindo impactos ambientais”, afirma Paulo Solti, vice-presidente de Peças e Serviços para a América do Sul.
Desafios e potencial do reaproveitamento de veículos
O Brasil possui cerca de 48 milhões de veículos em circulação. A cada ano, aproximadamente 2 milhões de automóveis chegam ao fim de sua vida útil, mas apenas 1,5% recebem tratamento ambientalmente adequado. O mercado de reciclagem de veículos no país tem potencial de movimentar até R$ 2 bilhões anualmente, reforçando a importância de iniciativas como a da Stellantis.
Centros de restauração e prolongamento da vida útil
Além da unidade em Osasco, a Stellantis mantém o Centro de Recondicionamento de Veículos no Polo Automotivo de Betim (MG), inaugurado em 2024. A fábrica realiza a restauração de veículos da Stellantis, devolvendo-os ao mercado como seminovos certificados.
O centro oferece serviços completos de funilaria, pintura, manutenção mecânica, substituição de peças, higienização e certificação, com foco em segurança, qualidade e sustentabilidade, reforçando o compromisso da montadora com a economia circular e a redução do impacto ambiental.