União Europeia condiciona negociações à presença ucraniana
Líderes da União Europeia (UE) afirmaram, nesta terça-feira (12), que cabe aos próprios ucranianos decidir o futuro de seu país, em meio à expectativa para o encontro marcado entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, previsto para esta sexta-feira (15), no Alasca, com foco na guerra na Ucrânia.
Em comunicado conjunto, o bloco elogiou a iniciativa do presidente norte-americano de buscar uma “paz justa e duradoura” e se disse pronto para apoiar o processo tanto no campo diplomático quanto por meio de assistência militar e financeira a Kiev. O texto destaca a necessidade de “garantias de segurança robustas e confiáveis” e reforça o “apoio inabalável” europeu ao governo ucraniano.
Segundo os líderes, negociações substantivas só poderão ocorrer no contexto de um cessar-fogo ou da redução significativa das hostilidades, e a atual linha de contato entre as tropas russas e ucranianas poderia servir apenas como ponto de partida para futuros diálogos.
Divergências internas: Hungria não apoia declaração
O documento foi aprovado por todos os países-membros da UE, exceto a Hungria, cujo governo, liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, se opõe ao envio de armamentos a Kiev. Orbán sustenta que o apoio militar europeu prolonga o conflito e critica as sanções impostas a Moscou, argumentando que elas prejudicam a economia do continente.
Durante a presidência rotativa húngara da UE, no segundo semestre de 2024, Orbán causou atritos com outros líderes ao visitar Vladimir Putin em Moscou e se apresentar como mediador.
Videoconferência com Trump antes de encontro com Putin
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e representantes da UE devem participar, nesta quarta-feira (13), de uma videoconferência com Trump. A reunião foi articulada pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, e tem como objetivo alinhar posições antes da conversa do presidente norte-americano com Putin.
Fontes diplomáticas indicam que europeus e ucranianos temem que Moscou consiga obter concessões significativas e influenciar os termos de um possível acordo de paz sem a participação direta de Kiev.
Expectativas e declarações de Trump
Na segunda-feira (11), durante coletiva na Casa Branca, Trump não confirmou sua participação na reunião virtual com os europeus e manteve um tom vago sobre o encontro com Putin. O presidente dos EUA afirmou esperar “conversas construtivas” e disse querer saber “o que o líder russo tem em mente” para encerrar o conflito.
Trump reiterou que qualquer acordo de paz poderá envolver “troca de territórios”, proposta já rejeitada por Zelenski. Atualmente, a Rússia mantém controle instável sobre quatro regiões ucranianas — duas no leste e duas no sul.
O presidente norte-americano ainda criticou Zelenski, afirmando estar “um pouco chateado” com declarações recentes do líder ucraniano sobre a reunião no Alasca, e destacou que, durante todo o período da guerra, “nada aconteceu” sob sua liderança.
( Com DW )