Felino retorna ao lar após ser identificado por meio de chip implantado em programa público de castração
Quatro meses após desaparecer no bairro Tribess, em Blumenau (SC), o gato Romeu voltou para casa graças à tecnologia de microchipagem. O reencontro, ocorrido há três semanas, emocionou a família Santos, que já havia perdido as esperanças de rever o animal. Romeu não era apenas um pet: ele carregava consigo a memória afetiva de Gabrielli, filha caçula de Luciane Santos, falecida aos seis anos.
“Como diz o ditado popular: ‘O bom filho a casa torna’”, resume Luciane, ao relembrar o retorno do felino.
Romeu, símbolo de afeto e saudade
Romeu nasceu em uma ninhada de seis filhotes da gata da mãe de Luciane — a avó da família. Desde antes do nascimento, Gabrielli já havia escolhido o animal como seu. Em 2024, quando o filhote chegou à casa, a menina pôde passar apenas um dia ao lado do novo companheiro. Ela enfrentava uma doença autoimune rara, a Artrite Idiopática Juvenil, e faleceu no dia seguinte.
“Antes da minha filhinha falecer, ela já tinha escolhido o nome do gatinho, que seria Romeu. Quando a gente castrou, ele ficou com a gente por um período de um ano, mas desapareceu. Procuramos por ele em todos os cantos aqui na vizinhança, divulgamos até em jornais, mas não conseguimos achar o Romeu”, relata Luciane.
A ausência do animal, descrito como dócil e tranquilo, intensificou o luto da família. Tentativas de adotar outro gato não conseguiram preencher o vazio deixado por Romeu. A hipótese de que ele tivesse sido acolhido por outra família acabou se tornando uma forma de resignação.
Identificação por microchip possibilita retorno
O reencontro só foi possível graças à ação de moradores do bairro Garcia, que acionaram a Ouvidoria da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade ao encontrarem um gato ferido. Encaminhado ao Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread), o animal foi identificado como Romeu por meio da leitura de seu microchip.
“O Romeu estava com uma úlcera, com a patinha machucada, mas a gente tratou ele e, agora, está superbem dentro da nossa casa, está feliz. De uma certa forma, ele é uma extensão da minha filha que partiu, de alguém que é especial e importante na nossa vida. Ele não é só um animalzinho de estimação, mas fez parte também da vida da nossa filha. Então, a gente tem um amor especial pelo Romeu, justamente por causa dessa ligação que ele tinha desde filhotinho com a Gabi”, expressa Luciane.
Como funciona a microchipagem de animais
O serviço de microchipagem é oferecido gratuitamente pelo Cepread a animais atendidos pelo programa de castração pública. A iniciativa contempla pets de famílias com renda mensal de até R$ 5 mil, animais de rua e tutores cadastrados no CadÚnico. A aplicação também pode ser realizada em clínicas particulares.
Para que a identificação funcione, é necessário que o tutor registre os dados do animal na plataforma federal Sinpatinhas. O chip, do tamanho de um grão de arroz, é implantado sob a pele do pet, de forma indolor, e contém um código vinculado às informações do responsável. Ao ser lido em centros veterinários, o dispositivo permite contato imediato com o tutor.
“Boa parte dos animais que encontramos nas ruas foram perdidos ou deixados para trás por alguém. Sem o microchip, não temos como saber de onde vieram. Mas quando o animal é identificado, como o Romeu, que foi castrado e microchipado por meio do Cepread, conseguimos garantir que ele volte ao lar com segurança”, afirma o médico veterinário Carlos Sansão, diretor de Bem-Estar Animal, em nota da prefeitura.
