Decreto amplia sobretaxa sobre exportações brasileiras; Casa Branca cita perseguição política, censura e violações a direitos humanos no país
Medida inédita mira política interna brasileira e acirra tensões entre os dois países
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que eleva para 50% a tarifa de importação sobre produtos brasileiros. Segundo comunicado oficial da Casa Branca, a decisão foi motivada por “ameaças incomuns e extraordinárias à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos” atribuídas ao governo brasileiro.
A nova alíquota representa uma sobretaxa adicional de 40%, somando-se à tarifa anterior de 10%. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e representa a maior penalidade tarifária já imposta a um país exportador ao mercado norte-americano durante a atual gestão.
Acusações de censura e perseguição política
De acordo com o governo americano, a decisão foi tomada como resposta a uma suposta escalada autoritária no Brasil. O texto divulgado pela Casa Branca menciona diretamente o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e acusa o Estado brasileiro de promover “perseguição, intimidação, assédio, censura e acusações politicamente motivadas”, o que configuraria, segundo o governo dos EUA, violações graves aos direitos humanos.
O comunicado cita nominalmente o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, a quem Trump responsabiliza por supostos atos de censura e intimidação contra opositores políticos, além de mencionar o congelamento de ativos de uma empresa americana como exemplo de coerção estatal.
Tarifas impactam comércio bilateral
Embora o documento não traga referências diretas ao comércio entre Brasil e Estados Unidos — como volume de trocas, déficit ou superávit — o impacto sobre produtos estratégicos já começa a ser mapeado por especialistas do setor.
Um exemplo citado por interlocutores da Casa Branca é o etanol brasileiro. Antes da medida, o produto era taxado em 2,5%. Com a sobretaxa anterior de 10%, a alíquota chegou a 12,5%. Agora, com o novo aumento de 40 pontos percentuais, a tarifa total passará para 52,5% a partir de agosto.
Escalada política e consequências econômicas
Anunciada inicialmente em 9 de julho, a tarifa é mais um capítulo do endurecimento da política externa americana em relação ao Brasil sob o governo Lula. Trump justifica a iniciativa também como resposta a “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.
Analistas alertam para o risco de retaliações e prejuízos à balança comercial brasileira, especialmente em setores como o agronegócio, que tem nos Estados Unidos um de seus principais mercados. Com o novo cenário, exportadores brasileiros deverão buscar alternativas ou enfrentar impactos severos na competitividade.
Veja abaixo a lista completa de países notificados e as taxas anunciadas até o momento:
- África do Sul: 30%
- Argélia: 30%
- Bangladesh: 35%
- Bósnia e Herzegovina: 30%
- Brasil: 50%
- Brunei: 25%
- Camboja: 36%
- Cazaquistão: 25%
- Coreia do Sul: 25%
- Filipinas: 19%
- Indonésia: 19%
- Índia: 25%
- Iraque: 30%
- Japão: 15%
- Laos: 40%
- Líbia: 30%
- Malásia: 25%
- Myanmar: 40%
- Moldávia: 25%
- Sérvia: 35%
- Sri Lanka: 30%
- Tailândia: 36%
- Tunísia: 25%