Ex-presidente participa de ato ao lado de Michelle e Flávio Bolsonaro; evento ocorre após ameaças de prisão feitas por Alexandre de Moraes
Presença simbólica em ato bolsonarista
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou na tarde desta terça-feira (29), em Brasília, de uma motociata organizada por apoiadores. Acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ambos considerados possíveis candidatos à Presidência em 2026, Bolsonaro não pilotou motocicleta, como em eventos anteriores, mas seguiu o trajeto em cima de um carro de som.
A manifestação ocorreu dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçar prender o ex-mandatário por descumprimento de medidas cautelares. Inelegível, Bolsonaro limitou-se a acenar e sorrir aos simpatizantes, sem realizar discursos. O percurso partiu da Granja do Torto com destino à Rodoviária do Plano Piloto, sem passar pela Esplanada dos Ministérios.
Ato reúne parlamentares e ocorre em festival de motos
Além da presença da família Bolsonaro, participaram do ato os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ), além do senador Marcos Rogério (PL-RO). O evento teve início no Capital Moto Week, tradicional festival de motociclismo e música realizado na Granja do Torto, que já contou com a presença de Bolsonaro em edições anteriores, como as de 2019 e 2023.
Segundo aliados, Bolsonaro evitou andar de moto por motivos de saúde. Mais cedo, o próprio ex-presidente atribuiu a decisão a uma “medida restritiva da dona Michelle”, em tom de brincadeira.
Restrição de movimentos e tornozeleira eletrônica
A motociata ocorreu em meio ao agravamento da situação judicial de Bolsonaro, alvo de uma operação da Polícia Federal no dia 18 deste mês. Desde então, o ex-presidente está submetido a uma série de restrições impostas pelo STF, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais, impedimento de deixar Brasília e de se aproximar de representações diplomáticas.
Na ocasião, Bolsonaro chegou a exibir publicamente a tornozeleira e dar declarações a jornalistas. A atitude levou o ministro Alexandre de Moraes a reforçar as proibições, incluindo a vedação à divulgação de entrevistas em redes sociais de terceiros. O ministro esclareceu posteriormente que o ex-presidente pode conceder entrevistas, desde que não utilize tais aparições como “subterfúgio para práticas ilícitas”.
Mobilizações continuam pelo país
Durante o ato, foram vistas bandeiras do Brasil, dos Estados Unidos e de Israel, além de cartazes com dizeres como “Bolsotrump” e “Trumpnaro”, em referência à aproximação simbólica entre os dois ex-presidentes, mesmo após a decisão de Donald Trump de elevar tarifas de importação sobre produtos brasileiros — medida que teve apoio da ala bolsonarista nos EUA.
A manifestação teve como tom principal o pedido pelo retorno de Bolsonaro ao Palácio do Planalto em 2026, ignorando sua atual condição de inelegível. Também foram entoados gritos de “liberdade”, em protesto contra as decisões judiciais do STF.
Além da motociata em Brasília, apoiadores de Bolsonaro organizam novos atos em diversas cidades brasileiras no próximo domingo (3), considerados uma espécie de preparação para o feriado de 7 de Setembro, data tradicionalmente marcada por manifestações da direita.
