Lula volta a denunciar apoio da oposição a medidas americanas
Durante cerimônia de lançamento do programa Novo PAC Seleções 2025 – Periferia Viva, realizada nesta sexta-feira (25) em Osasco (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a postura de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro frente às atuais tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
Sem citar nomes, Lula classificou os parlamentares ligados ao bolsonarismo como “sem-vergonha” e “traidores da pátria” por apoiarem as tarifas impostas pelo governo norte-americano e, segundo ele, por incentivarem a intervenção estrangeira nos assuntos internos do país. “Estão agora agarrados na bota do Trump pedindo intervenção no Brasil”, declarou. “Só tenho mais uma coisa a dizer: quem manda neste país são os brasileiros.”
A fala ocorre em meio à repercussão de uma carta divulgada por Donald Trump nas redes sociais, na qual o ex-presidente dos EUA critica o andamento dos processos judiciais contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e, supostamente, impõe exigências ao Brasil.
Carta de Trump provoca reação e reforça defesa da soberania nacional
Lula afirmou ter sido surpreendido pelo conteúdo da mensagem enviada por Trump. Segundo ele, o documento inclui três exigências consideradas inaceitáveis pelo governo brasileiro, entre elas, a tentativa de interferência direta nos trâmites judiciais envolvendo o ex-presidente Bolsonaro. O petista classificou o gesto como um ataque à soberania do país.
“O Brasil é um país que não gosta de confusão, é um país que negocia. Já fizemos mais de dez reuniões com representantes dos Estados Unidos sobre as tarifas”, afirmou. “Ninguém pode dizer que não estamos negociando, pois estou colocando o meu companheiro Alckmin para isso.”
Negociação comercial liderada por Alckmin e críticas à “submissão”
De acordo com Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin está à frente das negociações com o governo norte-americano e conduz, com respaldo institucional, as tratativas para reverter as tarifas que afetam produtos brasileiros. O presidente reiterou que o governo brasileiro busca uma solução diplomática, sem ceder a pressões externas.
“O que está em jogo é o respeito à soberania. Os chamados patriotas estão pedindo favor para os EUA. Isso não é patriotismo. Isso é traição”, afirmou. “A família Bolsonaro está agarrada nas botas dos EUA. Isso é se colocar contra o Brasil.”
Big techs e desequilíbrio nas relações comerciais
Em seu discurso, Lula também voltou a cobrar a regulamentação das plataformas digitais no Brasil. Disse que as chamadas big techs devem respeitar as leis nacionais, assim como são submetidas à legislação nos países de origem.
O presidente ainda chamou atenção para o superávit de US$ 410 bilhões que os Estados Unidos mantêm nas relações comerciais com o Brasil, apontando que, apesar do desequilíbrio, seu governo tem atuado para manter uma relação amistosa entre os dois países.