Inovação para o combate moderno
A crescente utilização de drones FPV (visão em primeira pessoa) em combates tem remodelado o cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia. De baixo custo, mas com elevado poder letal, esses dispositivos são responsáveis por inúmeras baixas nas linhas de frente. Frente a essa ameaça, ambos os países intensificaram o desenvolvimento de munições específicas para rifles capazes de neutralizar drones com maior eficiência e segurança.
A Ucrânia, por meio de seu programa de inovação militar Brave1, apresentou recentemente uma bala de 5,56 mm com aplicação antidrones. Um vídeo divulgado pela organização no X mostra a nova munição sendo carregada em um rifle CZ Bren 2 e disparada com sucesso contra um drone em campo de treinamento.
Segundo o Brave1, o cartucho segue o padrão da Otan e será distribuído aos soldados de infantaria. “Essas balas aumentam drasticamente as chances de derrubar drones FPV”, informa a organização, destacando o ganho tático que o equipamento representa.
Funcionamento e características da bala antidrones
O principal diferencial da munição ucraniana está na ogiva especial, projetada para se fragmentar após certo percurso e liberar múltiplos projéteis. Essa característica técnica permite que o disparo atinja alvos em movimento com maior probabilidade e a uma distância segura, protegendo os soldados do contato direto com a ameaça.
Apesar de detalhes sobre o design interno não terem sido divulgados pelo Brave1, a plataforma oficial de notícias do governo ucraniano, United24 Media, afirma que a bala incorpora uma “ogiva projetada sob medida”, capaz de produzir um “efeito de fragmentação denso e rápido”.
A abordagem representa um avanço em relação às táticas atuais, que frequentemente recorrem ao uso de espingardas calibre 12 como última opção para neutralizar drones. Embora eficazes em curto alcance, essas armas exigem proximidade elevada com os dispositivos, expondo os militares ao perigo.
Respostas à evolução tecnológica dos drones
A urgência no desenvolvimento de novas munições também se intensificou com o uso crescente de drones controlados por fibra óptica. Diferentemente dos drones tradicionais, que operam via sinal de rádio e podem ser comprometidos por guerra eletrônica, os modelos com cabos físicos são imunes a interferências, dificultando sua neutralização.
Como solução complementar, a empresa de defesa ucraniana TENETA revelou um lançador de redes portátil, leve e descartável, projetado para ser utilizado de forma rápida e prática pelos combatentes da linha de frente.

Esforços russos em munição adaptada
Do lado russo, iniciativas semelhantes vêm sendo conduzidas desde o ano passado. Segundo o Business Insider, tropas da 74ª Brigada de Fuzileiros Motorizados divulgaram imagens de munições adaptadas para fuzis AK. Os cartuchos de 5,45 mm foram modificados com tubos termorretráteis contendo projéteis de chumbo grosso com função de dispersão no impacto.
Em registros publicados pelo canal russo Z Parabellum MD no Telegram, soldados aparecem ajustando manualmente os cartuchos com os tubos adaptados e demonstrando seu uso em testes contra placas metálicas.