Produção aposta em tecnologia de ponta para registrar cenas com carros a mais de 300 km/h
O longa-metragem “F1”, estrelado por Brad Pitt, foi filmado diretamente em circuitos oficiais da Fórmula 1, dispensando o uso de computação gráfica. As cenas foram captadas com os carros em movimento real durante etapas do campeonato profissional, em uma abordagem inédita para produções do gênero.
Câmeras adaptadas para ambientes extremos
Durante evento realizado em São Paulo na quinta-feira (17), a Sony — responsável pela tecnologia empregada nas filmagens — revelou que 25 câmeras modificadas foram utilizadas na produção. Em determinadas sequências, até 16 equipamentos operaram simultaneamente.
A equipe técnica posicionou as câmeras tanto no interior quanto na parte externa dos veículos, que atingem velocidades superiores a 300 km/h. Devido ao espaço reduzido nos cockpits e às exigências de segurança, foram necessárias soluções técnicas específicas para acomodar os dispositivos.
Sensor desacoplado e visão do piloto
Entre os modelos utilizados, destaca-se a Venice 2, considerada a mais avançada da Sony. O equipamento permite desacoplar o sensor da lente, o que possibilitou sua instalação próxima ao volante, captando a perspectiva do piloto durante as corridas.
Outra versão da câmera foi montada no exterior dos carros, com base rotatória controlada remotamente. O corpo do dispositivo foi inserido nas saídas de ar dos veículos, permitindo a captura de imagens em movimento a partir do meio do grid.
A mesma tecnologia já havia sido empregada em “Top Gun: Maverick”, filme que também priorizou gravações em ambientes reais de alta velocidade.
Solução personalizada com sensores do iPhone
Para complementar a captação, os produtores de “F1” desenvolveram câmeras personalizadas com sensores da linha iPhone. Segundo a equipe de filmagem, a escolha foi técnica: câmeras convencionais de cinema são grandes demais para serem acopladas aos carros, enquanto modelos compactos, como a GoPro, não oferecem qualidade de imagem suficiente para uma superprodução.
O módulo exclusivo foi equipado com sensores, bateria e chip da linha A do iPhone, adaptado para gravações em altíssima velocidade e resolução. A Apple não revelou quais componentes foram utilizados, mas confirmou que o sistema recebeu filtro de densidade neutra para controlar a entrada de luz e melhorar a exposição.
Controle remoto via iPad e sistema modificado
A câmera foi reforçada contra impactos, vibrações e temperaturas elevadas, operando com uma versão modificada do iOS que oferecia controle técnico avançado. Sem transmissor de rádio, o equipamento era operado remotamente por um iPad, que recebia as imagens em tempo real e permitia ajustes de exposição, balanço de branco e velocidade do obturador. A gravação, no entanto, só podia ser iniciada ou pausada por meio de conexão USB-C.