Objetivo da ação é investigar corrupção, lavagem de dinheiro e manipulação de licitações com foco na família do deputado Elmar Nascimento
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Overclean, com o intuito de apurar fraudes em licitações, desvios de recursos de emendas parlamentares, corrupção e lavagem de dinheiro. O alvo desta fase é Elmo Nascimento, irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) e prefeito de Campo Formoso, município baiano com forte base política do parlamentar. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões nas contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas envolvidas na investigação.
Mandados de busca e apreensão
A operação, que envolveu 18 mandados de busca e apreensão, foi realizada nas cidades de Salvador, Campo Formoso, Senhor do Bonfim, Mata de São João, todas na Bahia, além de Brasília e Petrolina (PE). Entre as ações, também foi cumprida uma ordem de afastamento cautelar de um servidor público.
Crimes investigados
Segundo a Polícia Federal, o grupo sob investigação é acusado de manipular licitações e desviar recursos de emendas parlamentares direcionadas ao município de Campo Formoso. As apurações envolvem diversos crimes, incluindo participação em organização criminosa, embaraço à investigação, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos, e lavagem de dinheiro.
Foco na família de Elmar Nascimento
Fontes próximas à investigação indicam que o principal foco da ação é a família do deputado Elmar Nascimento, embora o parlamentar não tenha sido alvo de mandados de prisão ou apreensão. No entanto, seu primo, Francisco Manoel do Nascimento Neto, conhecido como Francisquinho Nascimento, eleito vereador de Campo Formoso no ano passado, também foi alvo da operação. Em uma fase anterior da Overclean, em dezembro do ano passado, Francisquinho foi flagrado lançando uma sacola com R$ 220.150 pela janela, minutos antes de ser preso pela Polícia Federal.
Convênios fraudulentos e manipulação de licitações
A investigação examina convênios firmados entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Prefeitura de Campo Formoso. Esses convênios, firmados em 2022, envolvem licitações fraudulentas em 2023, que estão sendo alvo de apuração por parte da Polícia Federal. A operação ocorre em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal.
Fases anteriores da Operação Overclean
Esta é a quinta fase da Operação Overclean, que já havia sido realizada em junho, quando foram afastados dois prefeitos da Bahia e um assessor parlamentar do deputado federal Félix Mendonça (PDT-BA). O deputado Mendonça, embora não tenha sido alvo de mandados de busca ou prisão, teve seu sigilo telefônico quebrado por decisão do STF. Na ocasião, o parlamentar se manifestou, afirmando estar surpreso com a operação e negando qualquer envolvimento em irregularidades.
Em abril, a operação havia estimado que a organização criminosa suspeita de fraudar licitações e desviar recursos públicos tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de contratos fraudulentos e obras superfaturadas. Durante essa fase, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, em Salvador. Moura, preso na primeira fase da operação, atuava como articulador político e operador de influência dentro da organização criminosa, mas foi posteriormente libertado por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.