Após nova autópsia no Brasil, especialistas detalham as lesões fatais da brasileira, mas não conseguem determinar o momento exato da morte
Investigação continua após queda fatal
O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro concluiu a segunda autópsia do corpo de Juliana Marins, brasileira que faleceu durante uma escalada no Monte Rinjani, na Indonésia. A morte de Marins, que ocorreu no dia 21 de junho, chamou atenção tanto no Brasil quanto no exterior, devido às circunstâncias misteriosas e ao processo de resgate complexo.
A segunda análise pericial, realizada no Brasil, revelou que o estado do corpo, prejudicado pelo embalsamento feito na Indonésia, dificultou a determinação precisa da hora do falecimento. Segundo o laudo, o procedimento de embalsamento realizado antes do transporte do corpo para o Brasil comprometeu a capacidade de identificar sinais clínicos de condições como desidratação ou hipotermia, além de dificultar a avaliação de possíveis indícios de violência sexual.
Causa da morte confirmada: lesões traumáticas
A causa da morte de Juliana Marins foi oficialmente atribuída a uma hemorragia interna resultante de lesões traumáticas múltiplas. O laudo indicou que as fraturas graves no crânio, tórax e pelve, causadas por um impacto severo, foram fatais. Além disso, sinais de ressecamento ocular e lesões musculares foram observados, embora a análise não tenha identificado fatores ambientais, como hipotermia, como contribuidores para o óbito.
Apesar de o laudo indicar que as lesões foram letais de forma imediata, os legistas sugerem que Marins pode ter experimentado um curto período de agonia física e psíquica antes de falecer, levando a um quadro de estresse endócrino e metabólico. Embora os especialistas não tenham conseguido determinar a hora exata da morte, estimam que a vítima tenha sobrevivido cerca de 15 minutos após o impacto fatal.
A queda e o resgate difícil
Juliana Marins caiu de uma encosta do Monte Rinjani por volta das 6h da manhã (horário local) do dia 21 de junho. Inicialmente, o corpo foi localizado a 200 metros da trilha, mas foi encontrado cada vez mais distante, a 400 metros e, finalmente, entre 500 a 600 metros de profundidade. A operação de resgate foi marcada por dificuldades causadas pelo terreno acidentado e pelo mau tempo. O corpo da brasileira foi resgatado apenas no dia 25 de junho.
O terreno rochoso e instável do Monte Rinjani, descrito por alpinistas experientes, é notoriamente perigoso, com escarpas de até 45 graus e forte neblina em determinadas horas do dia. A situação do local de resgate gerou críticas, especialmente em relação à lentidão do processo de busca. A família de Marins chegou a alegar negligência nas operações de resgate e anunciou sua intenção de entrar com uma ação judicial.
A autópsia na Indonésia e a controvérsia sobre a hora da morte
O laudo da autópsia inicial, realizado na Indonésia, mencionou a causa da morte como trauma contundente, com fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa, resultando em danos aos órgãos internos e hemorragia significativa. O médico forense responsável pela autópsia, Ida Bagus Alit, estimou que a morte ocorreu cerca de 20 minutos após os ferimentos, apontando que não havia sinais de hipotermia, embora as condições climáticas adversas na região do acidente possam ter dificultado uma avaliação mais precisa.
Reflexões sobre segurança e prevenção
Este trágico acidente coloca em evidência a necessidade de melhorias na infraestrutura de segurança do Monte Rinjani, um destino popular entre alpinistas de todo o mundo. Especialistas destacam a importância de medidas preventivas mais rigorosas, como o uso de cordas de segurança e a presença de guias experientes para monitorar as condições dos escaladores. A falta de barreiras em pontos vulneráveis e o alerta insuficiente sobre riscos ao longo da trilha são apontados como fatores críticos que podem contribuir para acidentes fatais.
O caso também gerou discussões sobre a preparação dos escaladores, especialmente iniciantes, que muitas vezes subestimam os desafios físicos e as exigências técnicas da rota. Organizações de escalada na Indonésia estão revendo seus procedimentos operacionais, com a instalação de mais segurança ao longo das trilhas e um reforço no treinamento de guias e socorristas locais.
Conclusão
A morte de Juliana Marins, embora trágica, serve como um alerta para as autoridades e escaladores sobre a importância de reforçar a segurança nas trilhas de montanhas desafiadoras, como o Monte Rinjani. O caso continua sendo investigado, e novos exames estão sendo realizados para complementar as informações sobre as circunstâncias que levaram à queda fatal. O incidente também destacou a complexidade de resgates em locais de difícil acesso, um fator que deve ser levado em conta no planejamento de futuras expedições.