Figura-chave na carreira da cantora, Wander também exerceu papel afetivo e segue à frente do legado artístico de Marília
Pouco conhecido pelo grande público, o empresário Wander Oliveira foi um dos principais responsáveis pela ascensão da cantora Marília Mendonça, morta em 2021, e continua sendo peça fundamental na gestão de seu acervo musical.
Fundador do escritório Workshow, sediado em Goiânia e reconhecido por revelar grandes nomes da música sertaneja, Wander identificou o talento de Marília aos 13 anos e rapidamente a integrou ao elenco da produtora. Antes disso, a artista já havia iniciado sua trajetória como compositora aos 12.
O vínculo profissional se transformou em sociedade: ele foi sócio da cantora em sua primeira empresa. Hoje, detém 50% dos direitos das composições e gravações feitas por Marília enquanto esteve vinculada ao escritório.
Mais do que um agente artístico, Wander ocupava um espaço afetivo na vida da artista. Órfã de pai desde cedo, Marília chamava o empresário de “Wandão” e o considerava uma figura paterna. Segundo ele, um dia antes do acidente aéreo que a vitimou, a cantora havia pedido que passasse a providenciar jatinhos executivos, pois não queria mais voar em aviões bimotores — o tipo de aeronave em que faleceu.
Legado mantido após a morte
Desde o falecimento da artista, Wander permanece à frente da gestão de sua obra. Ele afirma que tem contato frequente com Dona Ruth Moreira, mãe de Marília, com quem compartilha decisões sobre o lançamento de músicas póstumas.
Segundo o empresário, duas faixas inéditas são lançadas anualmente, como parte de uma estratégia que busca equilibrar a memória afetiva dos fãs com a preservação da identidade artística da cantora. Os lançamentos seguem tendo ampla repercussão nas rádios, redes sociais e plataformas digitais. Marília continua figurando entre os nomes que mais geram receita no meio digital brasileiro — um fenômeno que também pode ser analisado neste estudo da Pro-Música Brasil.
Em entrevista ao jornalista André Piunti, Wander relatou o impacto emocional da perda no cotidiano da empresa. “O convívio com Marília era diário”, afirmou. “Por meses, tive dificuldade em aceitar sua morte.”
O luto, segundo ele, ainda está presente nos bastidores da Workshow. Os projetos continuam sendo pensados com base na figura e no legado artístico da cantora.