Insensibilidade com moradores de rua amplia crise política de Zema
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enfrentou duras críticas após equiparar moradores de rua a carros estacionados de forma irregular, sugerindo que deveriam ser “guinchados”. A declaração foi dada durante entrevista à rádio Jovem Pan, na última quinta-feira.
“Em Belo Horizonte ainda temos moradores de rua. Eu costumo dizer que o Brasil precisava de uma lei. Quando um carro para em local proibido, ele é removido, guinchado. Agora, muitas vezes, um morador de rua fica na porta da casa de uma idosa, impedindo-a de entrar, gerando sujeira e expondo a vida dela de certa forma. Hoje não existe nada efetivo no Brasil para resolver isso. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades”, afirmou o governador.
A fala provocou forte reação negativa, especialmente na classe política. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, manifestou indignação em suas redes sociais. “A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém precisa ensinar a esse filhinho de papai que, quando se trata de pessoas, o correto é acolher”, escreveu.
Nova polêmica: relativização da Ditadura Militar
Essa não foi a única declaração controversa de Zema na semana. Em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, o governador se recusou a classificar a Ditadura Militar como um regime autoritário, atribuindo o tema a uma “questão de interpretação”.
“Eu acho que tudo é questão de interpretação”, disse ao ser questionado sobre o tema. “Prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também. Então fica aí. Acho que os historiadores é que têm de debater isso. Eu preciso me preocupar, hoje, com Minas Gerais.”
A resposta, considerada evasiva por críticos, foi interpretada como uma tentativa de minimizar os crimes cometidos durante o regime militar.
Aliados desconfortáveis e disputa eleitoral
Nos bastidores, até aliados próximos expressaram desconforto com as declarações do governador. Integrantes do governo ouvidos sob reserva consideram que a postura de Zema pode prejudicar a imagem do vice-governador Mateus Simões (Novo), apontado como sucessor natural em Minas.
Enquanto Zema busca consolidar seu espaço como representante do campo conservador, alinhado ao legado bolsonarista, Simões tenta se posicionar de forma mais moderada, dialogando com eleitores de centro.
Estratégia presidencial e alinhamento ao bolsonarismo
Romeu Zema é apontado como pré-candidato à Presidência da República em 2026, buscando se firmar como herdeiro político do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se tornou inelegível. Outros nomes cotados para liderar a direita são os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul).
Em 2024, Zema intensificou seus acenos ao bolsonarismo: apoiou a proposta de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, participou da manifestação convocada por Bolsonaro na Avenida Paulista em abril e tem endurecido o tom nas críticas ao presidente Lula e ao PT.