“A presença do Sr. Souls em espaços como a Praça Tamandaré é um ato político-cultural. Nós queremos ocupar, sensibilizar e mostrar que artistas com deficiência não só têm talento, como também algo novo a dizer. É mais que um show, é um manifesto contra o capacitismo cultural”, destaca Silvio Soũls, criador do projeto.
Apresentação gratuita acontece no domingo, 8 de junho, e une música autoral com ativismo pela inclusão de artistas com deficiência
O grupo Sr. Souls realizará neste domingo, 8 de junho, às 11h30, uma apresentação na tradicional Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré, em Goiânia. O espetáculo, intitulado “Vozes Contra o Capacitismo”, reforça o compromisso da banda com a inclusão de pessoas com deficiência na cultura e trará ao público uma performance marcante, que mescla MPB, rock, blues e lirismo poético.
Formado exclusivamente por três músicos com deficiência, o grupo vem conquistando espaço na cena musical com seu repertório autoral e uma missão clara: combater o capacitismo cultural. A banda é composta por Silvio Soũls (composição, voz, teclado e violão), Pedro Fleury (baixo) e W. Micena (bateria), contando com Matheus Guerra como músico de apoio.
“A presença do Sr. Souls em espaços como a Praça Tamandaré é um ato político-cultural. Nós queremos ocupar, sensibilizar e mostrar que artistas com deficiência não só têm talento, como também algo novo a dizer. É mais que um show, é um manifesto contra o capacitismo cultural”, destaca Silvio Soũls, criador do projeto.
A turnê do grupo já passou por locais como o Sesc Centro, a Feira do Cerrado e o Instituto Rizzo, acumulando aplausos e promovendo debates relevantes sobre o papel das pessoas com deficiência na economia criativa e na cultura brasileira.
Para Erom Walter Bira, coordenador da Feira de Antiguidades, receber o Sr. Souls no evento representa um reconhecimento da diversidade cultural.
“É uma honra receber um projeto tão transformador como o Sr. Souls. A feira valoriza a memória, a cultura e a diversidade. A arte que eles produzem é profunda, questionadora e necessária. Temos certeza de que será um momento muito especial”, afirma.
A apresentação integra a programação cultural da Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré, evento consolidado na capital como ponto de encontro entre tradição, colecionismo, artesanato e música ao ar livre.
Capacitismo cultural e representatividade
O vocalista Silvio Soũls traz à tona um conceito que cunhou: o capacitismo cultural. “É qualquer tipo de barreira que impeça o músico com deficiência de estar no palco e expressar sua arte. Criamos esse termo para evidenciar algo que ainda é pouco discutido”, explica.
Segundo ele, mesmo em grandes festivais e centros culturais, a presença de artistas com deficiência ainda é limitada. Dados indicam que cerca de 9% da população tem algum tipo de deficiência, mas menos de 1% dos projetos culturais financiados com recursos públicos são protagonizados por esses artistas, evidenciando um cenário de invisibilidade.
Além de levantar esse debate, o Sr. Souls desafia classificações musicais tradicionais. Seu estilo, chamado de MPB Experimental, mescla influências de rock, blues, baião, valsa e guarânia. “A gente não se prende a rótulos. O que é MPB, afinal? Música Popular Brasileira? Então misturamos tudo o que é popular, tudo o que faz sentido pra gente. É liberdade”, conclui Soũls.
Para quem quiser acompanhar a banda, a agenda de shows e mais informações estão disponíveis no Instagram oficial: @bandasrsouls.