O ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter qualquer ligação com o caso envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada e foragida da Justiça.
Em depoimento prestado nesta quinta-feira (6) à Polícia Federal, Bolsonaro afirmou ter transferido recursos para o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente se encontra nos Estados Unidos, mas ressaltou que não financiou atos ilegais.
R$ 2 milhões via Pix para custear estadia nos EUA
Segundo o ex-presidente, a ajuda financeira foi feita por meio de uma transferência bancária de R$ 2 milhões em Pix, a pedido do filho. “Ele me disse: ‘Pai, estou aqui com minha esposa, minha filha de quatro anos, que é sua neta, e meu filho de um ano, que também é seu neto, você pode me ajudar?’. Fiz a transferência, um dinheiro limpo e legal”, relatou Bolsonaro após o depoimento.
Ele explicou que os recursos são oriundos de valores que sobraram de sua campanha presidencial, estimados em R$ 17 milhões, e que foram devidamente declarados. “No exterior tudo é mais caro. Não quero que ele passe dificuldades. É para o bem-estar dele”, enfatizou.
Defesa de Eduardo contra acusações
Eduardo Bolsonaro se licenciou temporariamente do mandato parlamentar e viajou aos Estados Unidos em março, alegando perseguição política e prometendo “buscar sanções contra violadores de direitos humanos”. Na época, citou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo que investiga a tentativa de golpe atribuída a Jair Bolsonaro.
Questionado pela Polícia Federal, Bolsonaro negou que os valores enviados ao filho tivessem qualquer relação com ações antidemocráticas. “O financiamento é do meu filho, não é de ato ilegal”, afirmou.
PF investiga atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA
A Polícia Federal investiga a conduta de Eduardo Bolsonaro no exterior, sob suspeita de atuação contra o Judiciário brasileiro. Embora Jair Bolsonaro tenha sido intimado a depor por ter admitido ser o responsável financeiro do filho, Eduardo ainda não foi convocado para prestar esclarecimentos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou apenas que ele seja convidado a depor, sem definição de data.
“Ele trabalha pela democracia brasileira”, defendeu o ex-presidente. Bolsonaro também negou que o filho atue para impor sanções ao Judiciário. “Não existe sancionamento de qualquer autoridade por lobby; é tudo por fatos. Não adianta ninguém querer imputar isso a ele”, declarou.
Bolsonaro nega vínculo com Zambelli
A expectativa era de que o depoimento também abordasse a fuga de Carla Zambelli, condenada a 10 anos e 8 meses de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli chegou à Itália nesta quinta-feira (6) após breve passagem pelos Estados Unidos e foi incluída, a pedido do STF, na lista de difusão vermelha da Interpol.
“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, não fiz Pix para ela”, frisou Bolsonaro. “Fui ouvido apenas sobre o recurso que depositei na conta do meu filho.” Durante o depoimento, questionou ao advogado Paulo Bueno se também era alvo de investigação no caso Zambelli.