Viagem oficial marca retomada da cooperação estratégica e amplia compromissos conjuntos rumo à COP30, que será sediada pelo Brasil em 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza entre os dias 4 e 9 de junho uma visita de Estado à França, a primeira de um chefe de governo brasileiro ao país europeu em mais de uma década — a última ocorreu em 2012, no governo Dilma Rousseff. A agenda inclui encontros com autoridades francesas, assinatura de acordos bilaterais e articulações conjuntas voltadas ao combate às mudanças climáticas.
Um dos destaques será o lançamento de uma nova declaração climática assinada por Lula e pelo presidente francês Emmanuel Macron, com foco na preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), em 2025.
“Há expectativa de adoção de uma nova declaração dos dois líderes sobre a mudança do clima considerando o engajamento dentro dos países nesse tema e a necessidade de maior mobilização internacional para a COP30 […]. Também esperamos acordar a criação de um corredor marítimo descarbonizado com a França”, afirmou o embaixador Flávio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Ministério das Relações Exteriores.
Cooperação ampliada e novos investimentos
Durante os encontros bilaterais, os dois governos devem assinar cerca de 20 atos formais, incluindo acordos nas áreas de vacinas, segurança pública, educação e inovação tecnológica. Também está previsto o anúncio de novos investimentos entre os países. Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e França somou US$ 9,1 bilhões, com crescimento de 8% em relação ao ano anterior. A França é hoje o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque superior a US$ 66,3 bilhões.
“A visita acontece num momento muito positivo do relacionamento bilateral […]. Durante sua passagem pela França, Lula terá vários encontros com Emmanuel Macron, nos quais ele discutirá aspectos relevantes do relacionamento bilateral e temas da agenda internacional de importância dos dois países, como a necessidade de reforma da governança global, a defesa do multilateralismo, o combate ao extremismo e a preparação para a COP30”, destacou Goldman.
Cerimônia oficial e reconhecimento acadêmico
A chegada oficial do presidente brasileiro será marcada por cerimônia no Pátio de Honra da Esplanada dos Inválidos, tradicional local de eventos militares em Paris. Lula se reunirá em seguida com Macron no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, onde os dois líderes concederão declarações à imprensa.
No dia 6, Lula será agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8. Na mesma data, visitará o Grand Palais para prestigiar a exposição do Ano do Brasil na França, que contempla mais de 300 atividades culturais, acadêmicas, científicas e ambientais em mais de 50 cidades francesas até setembro.
A visita ainda reserva uma homenagem inédita: Lula será condecorado em sessão oficial na Academia Francesa, instituição fundada em 1635. Será apenas o segundo brasileiro a receber tal honraria — o primeiro foi Dom Pedro II, em 1872.
Reconhecimento sanitário e agenda de defesa
Outro marco da agenda será a formalização do reconhecimento internacional do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação, status validado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) no último dia 29. A medida deve abrir novos mercados à carne brasileira.
Lula também terá compromissos com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e visitará a Base Naval de Toulon, onde voltará a se reunir com Macron. O encontro abordará a cooperação no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), parceria estratégica entre os dois países na área de defesa.
Compromissos com os oceanos e segurança global
A pauta ambiental prossegue no dia 8 de junho, quando o presidente participa, em Mônaco, de um evento sobre economia azul — conceito que busca aliar crescimento econômico à preservação dos oceanos. No dia seguinte, Lula estará em Nice para a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que reunirá chefes de Estado de ao menos 60 países.
A agenda se encerra em Lyon, com visita à sede da Interpol, organização policial internacional que atualmente tem como secretário-geral o brasileiro Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal.