“Estão querendo copiar o SUS. Mas pneumonia a gente trata em Sergipe, Goiás ou em São Paulo com o mesmo protocolo. Em segurança pública, não. O crime é diferente em cada estado. E o sistema não pode ser único, mas deve ser integrado. É buscar uma forma conjunta de atuação, com sala de comando de inteligência e operacional que funcione”, afirmou Caiado.
Governador de Goiás repudiou tentativa de retirar autonomia dos estados e criticou proposta do Sistema Único de Segurança Pública
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), participou nesta sexta-feira (23) do Seminário da Frente Parlamentar da Segurança Pública, realizado na Assembleia Legislativa de Sergipe, em Aracaju. Durante sua intervenção, Caiado, que tem se destacado pela redução consistente dos índices de criminalidade em Goiás, criticou medidas do governo federal que, segundo ele, visam à centralização do controle sobre as políticas de segurança pública por meio do Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
O chefe do Executivo goiano refutou a proposta de utilizar o Sistema Único de Saúde (SUS) como modelo para o setor.“Estão querendo copiar o SUS. Mas pneumonia a gente trata em Sergipe, Goiás ou em São Paulo com o mesmo protocolo. Em segurança pública, não. O crime é diferente em cada estado. E o sistema não pode ser único, mas deve ser integrado. É buscar uma forma conjunta de atuação, com sala de comando de inteligência e operacional que funcione”, afirmou.
Caiado também responsabilizou o governo federal por adotar, segundo ele, uma postura “conivente e complacente” com a criminalidade no país. De acordo com o governador, enquanto o poder público falha em criar estratégias eficazes de enfrentamento, as organizações criminosas ampliam sua atuação e poderio. “Hoje a venda de drogas é um suvenir das facções. Com tamanho caixa, estão entrando no setor imobiliário, concentrando os postos de gasolina, supermercados e usinas de cana. Estão entrando em todas as áreas da economia do país”, denunciou.
Ao comentar a dimensão territorial do Brasil, Caiado reforçou que cabe aos governadores a responsabilidade de desenvolver e implementar estratégias de segurança adaptadas às especificidades regionais, cabendo à União oferecer apoio e estabelecer parcerias. Ele criticou, no entanto, iniciativas que, segundo avaliou, violam a autonomia dos estados. “Eles propõem uma PEC, algo absurdo, que fere a Constituição e a autonomia dos estados em produzir regras gerais para a ação da polícia local. Somos um país federativo, e não com comando único. Somos um país de municípios, estados e união. Somos entes federados, e não tutelados”, declarou.
Caiado destacou a falta de comprometimento do governo federal com os investimentos em segurança. “Durante seis anos e cinco meses, destinamos R$ 17,5 bilhões para garantir a segurança em Goiás. No entanto, o retorno que recebemos foi de apenas R$ 960 milhões, o que representa apenas 5% do total investido. Enquanto isso, as forças policiais locais continuam atuando no combate a crimes de abrangência federal, como lavagem de dinheiro, contrabando de armas e tráfico de drogas”, ressaltou.
O evento promovido pela Frente Parlamentar da Segurança Pública reuniu representantes de associações e federações de polícias, além de deputados estaduais por Sergipe. O grupo atua na articulação entre o Legislativo, o Executivo e a sociedade civil, com o objetivo de propor soluções legislativas e institucionais para os desafios enfrentados na segurança pública brasileira.