Decisão do TJ-RJ aponta indícios de falsificação de assinatura em acordo que mantinha dirigente no cargo; nova eleição deverá ser convocada
O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou nesta quinta-feira (15) o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão também nomeia Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor, com a incumbência de convocar novas eleições “o quanto antes”.
A medida decorre de suspeitas de fraude em um acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início do ano e que havia assegurado a permanência de Ednaldo no comando da CBF. A informação foi divulgada inicialmente pelo portal ge.
Suspeita de falsificação e nulidade do acordo
Segundo a decisão do TJ-RJ, uma perícia apontou indícios de falsificação na assinatura do ex-presidente interino da CBF, Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes. Ele foi um dos signatários do acordo que encerrou uma ação contra a eleição de Ednaldo, realizada em 2022, cujo mandato iria até 2026.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, conhecido por Coronel Nunes”, escreveu o desembargador Zéfiro.
De acordo com a decisão, a saúde mental de Nunes estaria comprometida desde 2018, quando foi diagnosticado com câncer cerebral. O magistrado pretendia ouvi-lo na última segunda-feira (12), mas o ex-dirigente não compareceu por motivos de saúde, conforme alegação de seu advogado.
STF encaminhou apuração, mas não afastou Ednaldo
O caso foi inicialmente analisado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que encaminhou a apuração para a Justiça estadual do Rio. Embora tenha rejeitado os pedidos de afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues, o ministro determinou a “apuração imediata e urgente dos fatos narrados nas petições”.
Entre os autores dos pedidos estavam a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e o próprio Fernando Sarney, ambos apontando irregularidades na assinatura do Coronel Nunes.
Esta é a segunda vez que o Tribunal de Justiça do Rio determina o afastamento de Ednaldo. A primeira ocorreu em dezembro de 2023, mas a medida foi revertida em janeiro por decisão de Gilmar Mendes, que restabeleceu o dirigente no cargo.
Afastamento ocorre após anúncio de Ancelotti
O afastamento de Ednaldo ocorre poucos dias após o anúncio da contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira. A oficialização foi feita pelo dirigente antes mesmo de um posicionamento do Real Madrid, atual clube do treinador, e teve forte repercussão no meio esportivo.
Na última terça-feira (13), Ednaldo se reuniu com presidentes de federações estaduais na sede da CBF, no Rio, em tentativa de consolidar apoio político. A assessoria jurídica da entidade, na ocasião, manifestava confiança na permanência do presidente, mas admitia a possibilidade de recorrer ao STF em caso de decisão desfavorável no TJ-RJ.
Com a nomeação de Fernando Sarney como interventor, caberá a ele conduzir a preparação para uma nova eleição na entidade, em meio a um cenário de instabilidade institucional e pressão por transparência na gestão do futebol brasileiro.