Declaração do governador reforça aproximação com a base bolsonarista
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato à Presidência da República em 2026, afirmou nesta quarta-feira (14) que, se vencer o pleito, concederá anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível. A declaração foi feita durante entrevista à GloboNews e repercutiu amplamente no meio político, sendo interpretada como um gesto direto ao eleitorado bolsonarista.
“Chegando à Presidência da República, no mesmo momento eu vou resolver esse assunto, anistiar essa situação toda. E vamos discutir o problema de crescimento e pacificação do país”, afirmou Caiado.
A manifestação do governador ocorre poucas horas após Bolsonaro, em entrevista ao portal UOL, cobrar publicamente apoio de governadores aliados frente à sua inelegibilidade. O ex-presidente questionou o silêncio de parte de sua base política, classificando as ações judiciais contra si como perseguição.
“Vou até o último segundo [como candidato à Presidência]. Eu gostaria, não posso obrigar, que os governadores falassem: ‘Bolsonaro está inelegível por quê? Essas acusações valem?’”, declarou Bolsonaro, em tom de cobrança aos potenciais candidatos da direita.
Movimentações no campo conservador
A fala de Caiado insere-se em um contexto de intensa disputa por protagonismo no espectro conservador. Com a possível ausência de Bolsonaro na eleição de 2026, diversos nomes da direita buscam se posicionar como herdeiros do seu capital político. Além de Caiado, os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, também articulam nacionalmente com vistas à sucessão presidencial.
Apesar da movimentação, a avaliação predominante entre líderes políticos é de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), permanece como o favorito para liderar o campo bolsonarista. Ex-ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro, Tarcísio é visto como figura de confiança do ex-presidente e potencial sucessor político.
Reposicionamento estratégico
A aproximação de Caiado com Bolsonaro representa um movimento calculado, especialmente após atritos entre ambos nas eleições municipais de 2024, quando divergiram sobre alianças e candidaturas em Goiânia. O gesto do governador goiano é entendido como tentativa de recompor pontes e conquistar parte do eleitorado conservador, hoje ainda majoritariamente fiel ao ex-presidente.
Com a promessa de anistia e o discurso voltado à “pacificação nacional”, Caiado tenta se projetar como alternativa viável à direita, num cenário em que a fragmentação das lideranças pode ser decisiva para o desempenho eleitoral em 2026.