Presidente brasileiro defende papel da China no cenário internacional e elogia investimentos em países marginalizados por grandes potências ocidentais
Durante visita oficial à China nesta segunda-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou o compromisso do Brasil com o aprofundamento das relações bilaterais com o país asiático e criticou a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O discurso foi feito diante de empresários chineses e brasileiros no Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim, que reuniu cerca de 800 representantes do setor privado.
Defesa da China no cenário global
Em sua fala, Lula rebateu a narrativa dominante no Ocidente de que a China seria uma “ameaça” ao comércio internacional. Segundo o presidente, o país asiático deve ser visto como um exemplo de cooperação, sobretudo pelo apoio prestado a nações do Sul Global, frequentemente negligenciadas por outras potências.
“Outros países deixaram de investir na África, na América Latina e até no Brasil, quando deveriam estar fazendo exatamente o contrário”, afirmou, citando a União Europeia como um dos blocos que se afastaram dessas regiões.
Investimentos estrangeiros e posição chinesa
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) relativos a 2022 mostram que os Estados Unidos lideram o estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil, com US$ 228,8 bilhões, seguidos por Espanha (US$ 48,08 bilhões) e Reino Unido (US$ 44,7 bilhões). A China figura na quinta posição, com US$ 36,71 bilhões investidos no país.
Críticas ao protecionismo dos EUA
Lula aproveitou o evento para retomar críticas ao aumento de tarifas comerciais promovido por Donald Trump, classificando a medida como prejudicial ao equilíbrio das relações multilaterais construídas após a Segunda Guerra Mundial.
“Eu não me conformo com a taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta do dia para a noite. Foi o multilateralismo que garantiu décadas de relativa harmonia entre os países”, declarou o chefe do Executivo.
O comentário ocorreu após o recente entendimento entre China e EUA para suspender, por 90 dias, o tarifaço que chegou a atingir 125% sobre produtos chineses, gerando instabilidade nas trocas comerciais globais.
Integração e projeção para o Sul Global
Ao encerrar sua participação no fórum, Lula defendeu a ampliação das relações comerciais com a China, propondo uma parceria sólida e duradoura. Ele mencionou o projeto das Rotas de Integração Sul-Americana, que visa conectar a produção brasileira ao Pacífico por meio de infraestrutura rodoviária, facilitando exportações para a Ásia.
“Se depender do meu governo e da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil, e o Brasil precisa da China. Juntos, poderemos fazer com que o Sul Global seja finalmente respeitado no mundo”, concluiu.
Próximos compromissos diplomáticos
Além da participação no fórum empresarial, Lula deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, nesta terça-feira (13), em um encontro bilateral que incluirá a assinatura de novos acordos de cooperação. Ele também participará da Cúpula Celac-China, reforçando o protagonismo do Brasil na articulação diplomática com países em desenvolvimento.