Fumaça preta indica impasse na primeira votação do conclave; próximas rodadas já têm cronograma definido
Às 16h (horário de Brasília) desta quarta-feira, a fumaça preta emergiu da chaminé da Capela Sistina, sinalizando que os 133 cardeais reunidos ainda não chegaram a um consenso sobre o sucessor do Papa Francisco.
A partir desta quinta-feira, o conclave seguirá o ritmo tradicional: serão realizadas quatro votações por dia, divididas em dois turnos — duas pela manhã e duas à tarde. Apesar disso, apenas uma fumaça é prevista por turno, podendo ser observada às 5h30 ou 7h e às 12h30 ou 14h, conforme o andamento das sessões.
Dia de oração se necessário após três dias sem definição
Caso o novo Papa não seja escolhido em até três dias de votações, o conclave será suspenso para a realização de um dia dedicado exclusivamente à oração, buscando inspiração divina para a decisão final.
Durante cada votação, os cardeais recebem uma cédula retangular com a inscrição em latim “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”). Abaixo da frase, há um espaço em branco onde os cardeais escrevem, de forma “com a caligrafia mais irreconhecível possível”, o nome do candidato escolhido. É proibido votar em si próprio.
Cada cardeal, em ordem estabelecida, dirige-se ao altar, segurando a cédula visível para todos, e faz o juramento em voz alta:
“Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito.”
Após o juramento, depositam a cédula em um prato, deslizando-a em seguida para dentro da urna.
Favoritos à sucessão de Francisco segundo plataformas de apostas
O mercado de previsões também se movimenta. O Polymarket, uma das principais plataformas de apostas do mundo, indicava na última segunda-feira o cardeal italiano Pietro Parolin como o favorito, com 30% de chances de ser eleito o novo Papa. Em seguida, aparecem:
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Luis Antonio Tagle (Filipinas) — 19%
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Matteo Zuppi (Itália) — 11%
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Pierbattista Pizzaballa (Itália) — 9%
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Peter Turkson (Gana) — 8%
As últimas eleições papais, que elegeram Bento XVI e Francisco, levaram cerca de dois dias. A maioria dos cardeais acredita que a escolha atual deverá ocorrer em até três dias; os mais pessimistas projetam até cinco.
Como a fumaça do conclave adquire cor preta ou branca?
Por décadas, o método para produzir a fumaça preta ou branca permaneceu um mistério. Contudo, em 2013, durante o conclave que elegeu Francisco, o Vaticano revelou a técnica.
A fumaça é gerada pela combustão das cédulas eleitorais em um fogareiro especial instalado na Capela Sistina. Para garantir a clareza das cores:
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Fumaça preta: queima de perclorato de potássio, antraceno e enxofre.
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Fumaça branca: mistura de clorato de potássio, açúcar de leite e breu de pinho.
Desde 2005, um sistema foi implementado para assegurar que as cores sejam nítidas, evitando as interpretações equivocadas que ocorriam no passado. Um fio de resistência aquece previamente a chaminé, enquanto um ventilador de reserva impede que a fumaça retorne para o interior da capela.
Cardeais se isolam sob os afrescos de Michelangelo
Sob a imponência dos afrescos de Michelangelo, na Capela Sistina, os cardeais deram início ao conclave em regime de isolamento.
Ao entrarem no local, caminharam solenemente até o altar, onde se curvaram diante da obra “Juízo Final”, cobrindo toda a parede. Cada cardeal prestou juramento de fidelidade às regras do conclave.
O momento simbólico do “extra omnes” (“todos fora”) foi proclamado em latim, marcando o fechamento das portas da Capela Sistina e o início da clausura.
Antes do encerramento, o cardeal italiano Pietro Parolin conduziu uma oração para invocar o Espírito Santo, pedindo inspiração divina para a escolha do novo líder da Igreja Católica. A tradição cristã acredita que a ação do Espírito Santo é fundamental para iluminar a decisão dos cardeais e evitar que erros humanos interfiram nos caminhos da instituição.