Entre os nomes frequentemente lembrados como potenciais sucessores ao trono de Pedro, o cardeal húngaro Péter Erdő, de 72 anos, permanece uma referência, sobretudo entre os setores mais conservadores da Igreja Católica.
Arcebispo de Esztergom-Budapeste e primaz da Hungria, Erdő ressurge como uma das apostas para o próximo conclave, que definirá o futuro líder da Igreja após a morte do papa Francisco, ocorrida na segunda-feira (21), aos 88 anos.
Embora sua candidatura tenha perdido protagonismo desde o conclave de 2013, quando Jorge Mario Bergoglio foi eleito, o perfil intelectual e tradicionalista do húngaro mantém seu nome em evidência nos bastidores do Vaticano. Erdő é reconhecido por sua firme defesa das doutrinas mais clássicas da Igreja. O cardeal já manifestou objeções a decisões recentes de Francisco, como a autorização de bênçãos para casais do mesmo sexo, desde que estas não sejam confundidas com o sacramento do matrimônio, e reiterou sua posição contrária à admissão de católicos divorciados à comunhão.
Nascido em Budapeste, em 25 de julho de 1952, Péter Erdő é o primogênito de uma família de intelectuais católicos e construiu uma sólida trajetória acadêmica. Com formação em Direito Canônico e história do Direito Eclesiástico, publicou mais de 250 artigos científicos e 25 livros, abordando desde temas jurídicos até aspectos culturais e espirituais da Igreja.
Ordenado sacerdote em 1975, iniciou sua carreira pastoral como pároco na cidade de Dorog, mas logo migrou para a vida acadêmica, lecionando teologia em Esztergom e, posteriormente, na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, entre 1988 e 2002. Sua formação refinada e atuação acadêmica o conduziram à nomeação, em novembro de 1999, como bispo auxiliar de Székesfehérvár pelo então papa João Paulo II, sendo consagrado no início do ano seguinte.
Em 2002, foi elevado a arcebispo de Esztergom-Budapeste, tornando-se automaticamente o primaz da Hungria — título concedido ao mais alto representante da Igreja Católica no país. A ascensão ao Colégio Cardinalício ocorreu em 2003, quando, aos 51 anos, foi nomeado cardeal, tornando-se à época o membro mais jovem do grupo, posição que ocupou até 2010.
Desde então, sua influência só cresceu. Além de suas responsabilidades pastorais na Hungria, Erdő desempenha papéis importantes em diversas instâncias do Vaticano. Atualmente, integra órgãos como o Conselho para a Economia da Santa Sé, a Congregação para a Educação Católica e o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, considerado o mais alto tribunal da Igreja.
Fluente em sete idiomas — húngaro, inglês, italiano, francês, alemão, espanhol e latim —, Erdő tem presença constante nas discussões internacionais da Igreja. Participou de todas as edições do Sínodo dos Bispos desde 2003 e desempenhou um papel central como relator geral no Sínodo sobre a Família, realizado entre 2014 e 2015, que debateu temas polêmicos, como a situação de casais divorciados e a pastoral para famílias homossexuais.
Sua trajetória acadêmica, combinada ao perfil conservador, mantém o nome de Péter Erdő como um dos principais candidatos em um conclave que promete refletir sobre os rumos da Igreja Católica no cenário global contemporâneo.’
